Relatos de jovens afegãs, que se preservam por trás de véus e mantendo-se reclusas, indicam que autoridades do Afeganistão impõem às mulheres solteiras, que pretendem casar, a humilhação de testes de virgindade.
Neda, uma tímida jovem de 18 anos da cidade de Bamiyan, foram uma dessas jovens. Ela foi submetida ao teste após autoridades desconfiarem que ela poderia ter feito sexo antes do casamento.
A jovem contou que a desconfiança surgiu depois de aceitar a carona dois homens que lhe ofereceram carona. “Eu fui acusada de depravação e enviada a um centro médico para fazer um teste de virgindade”, contou Neda. O caso dela, porém, continua a tramitar nas instâncias judiciais do Afeganistão.
Neda foi inocentada das acusações pela Promotoria local. Mas, surpreendentemente, o caso agora precisa ser julgado pela Suprema Corte do Estado.
Apesar da inexistência de estatísticas oficiais no Afeganistão, indícios sugerem que os testes de virgindade são comuns. Um ginecologista da província de Bamiyan disse que já recebeu pedidos para realizar dez testes de virgindade em um único dia.
Algumas mulheres já teriam tido de passar por vários testes. Os exames, frequentemente realizados sem consentimento, têm sido classificados por críticos de desumanos e ineficazes na proteção da dignidade da mulher.
Estudos também desacreditam a prática. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que “não há espaço para testes de virgindade, já que eles não têm validade científica”.
A prática estimulou o surgimento de negócios ilegais que prometem “restaurar a virgindade”, mediante a reparação do hímen. Esse procedimento, além de ilegal e invasivo, pode ser perigoso e caro.
Testes forçados de virgindade continuam a ser legais no país, apesar do apelo do presidente Ashraf Ghani pelo fim desse exame invasivo. O exame é frequentemente ordenado por promotores e autoridades de fiscalização da lei, nos casos em que mulheres são acusadas de “crimes morais”.
*Com informações da BBC Brasil.