Cada voto no Congresso Nacional merece ter toda a transparência, e por ele somos cobrados a cada passo. Votamos sobre todos as leis que afetam a vida de todos os cidadãos e cidadãs, por isso a transparência e a comunicação são fundamentais. É o voto sobre planos de saúde, sobre violência contra a mulher, sobre meio ambiente, sobre perdão de dívidas, sobre programas a serem firmados com Estados – como no caso atualíssimo, tão importante para o Rio Grande do Sul. Agora temos que escolher dois dos 47 projetos que nos foram apresentados pelas comunidades e os setores como emendas ao orçamento que a bancada tem direito de colocar no OGU – Orçamento Geral da União, sem dúvida a lei anual mais importante, que impositivamente o Tesouro Nacional terá de pagar em 2018. É claro que 45 ficaram descontentes.
Os votos dos congressistas são por definição políticos, ou seja, olham para todos os fatores que afetam o assunto. Só que os votos dos eleitores também, mas eles são resguardados pelo voto secreto. Como explicar que, em pleno escândalo do mensalão que estourou em 2005 comprovadamente conduzido pelo Governo Federal comandado por Lula, em 2006 Lula foi reeleito? Afinal, a corrupção não rouba o dinheiro que devia ir para a saúde, educação, segurança, meio ambiente, e tudo o mais? E por que os que mais precisam desses serviços públicos foram determinantes para aquela reeleição? E mesmo com o Petrolão e a Lava Jato, que escancaram a roubalheira generalizada praticada pela montagem da ORCRIM – organização criminosa comandada pelo governo federal junto com empresários e marqueteiros, e que nos jogou numa brutal recessão com desemprego recorde –, como as pesquisas ainda apontam para a intenção de voto na qual Lula está na frente?
Representantes, os parlamentares, e representados, os eleitores, realizada a eleição, passam a se comunicar através das mídias. Distanciam-se. Eu tento todos os dias e a cada dia informar aos interessados que me seguem tanto o que faço quanto o porquê das coisas. Em 140 caracteres de Twitter ou em mensagens de Facebook é impossível. Assim como me foi absolutamente impossível vencer a imagem criada pela mídia durante nosso governo, quando 24 horas por dia e todos os dias dos quatro anos de governo vendeu-se um escândalo após outro – o que dá audiência, receita e poder. Segundo muitos, o maior dos poderes. Agora passado o tempo, olhando com a distância do tempo os fatos passados, as pessoas vão tendo a foto do que foi feito, desde o déficit zero e os investimentos em todas as áreas, passando por aumentos para TODO o funcionalismo. Se a crise atual é brutal, por que se permitiu que nascesse? Mas as pessoas por maioria escolheram pelo voto quem queriam que as governasse, quem seriam seus representantes. Então são parte da crise.
Impossível contar em um semestre de aula ou em um exemplar de jornal tudo o que vivemos nesse período até agora, véspera das novas eleições de 2018, para se produzir o escândalo do século, contado pouco a pouco pelas ações da Lava Jato, das investigações da Polícia Federal, pelas acusações do Ministério Público, pelos julgamentos do Supremo Tribunal Federal. Como Poder, o Legislativo vai enfrentando seus desafios. Para quem quer saber, sugiro lerem a excepcional reportagem feita por Consuelo Dieguez, publicada nesta revista Piauí 133. Contada em 10 páginas, a vida e morte de uma delação – a da JBS de 2017, a autora descreve a trama montada por gente de todos os Poderes, fragilizando-os como fragilizados estão todos perante os cidadãos e cidadãs. Pelo seu voto cada um responde. Mas pelo jogo de poder intensamente jogado nos últimos tempos, sob os holofotes das mídias, todos têm que responder. Depois não digam que não sabiam. É ler. Boa leitura. São só 10 páginas que estou disponibilizando no meu site www.yedacrusius.com.br.
* Yeda Crusius é economista e deputada federal pelo PSDB/RS em seu quarto mandato. Já ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e Governadora do RS.