A leitura diária dos jornais mostra que a violência no Brasil se banalizou, virou epidemia. Ninguém está a salvo e é preciso que todos, sociedade e agentes públicos, se unam na busca de soluções para combater o horror que faz com que o país seja o 10º onde mais se mata adolescentes no mundo, segundo a ONU. Matamos nosso futuro à bala, e não chegamos a esse ponto por acaso. As razões que levam uma sociedade como a brasileira a enveredar pelo rumo da violência são vários, e devem ser enfrentados com a mesma multiplicidade.
Unindo forças, com a adoção de políticas públicas integradas, é possível chegar lá. Nos últimos meses trabalhei na elaboração da Frente Parlamentar Mista de Prevenção à Violência, destinada a pensar soluções que transformem a sociedade em que vivemos, através da adoção da cultura da paz e da solução de conflitos.
A violência no Rio – que acompanhamos atentamente – poderia estar em patamares bem menores, não fosse a interrupção do programa das UPPs, entre outros motivos estruturais graves. De 1994, ano em que exibia um índice de 74 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes, a violência carioca caiu até atingir 18,5/100 mil em 2015, para voltar a subir a partir daí – quando a política das UPPs foi abandonada em várias comunidades – e não parar mais. É preciso aprender com erros recentes, que o sociólogo Claudio Beato destacou no artigo De remendo em remendo, publicado na Folha de S. Paulo do dia 13 de outubro.
Precisamos colocar em prática o que já se sabe através de pesquisas, como a recém divulgada pela equipe do Instituto Cérebro, do Rio Grande do Sul, que estabeleceu a relação entre baixo rendimento escolar e violência. Observar melhor a criança em sala de aula pode protege-la. Fundamental, já que apenas em 2014, tivemos um caso de estupro a cada 11 minutos, e 70% das vítimas eram crianças e adolescentes, segundo dados da OMS – Organização Mundial de Saúde.
Mais de 250 deputados e senadores já aderiram à FPMPV, que conta com o apoio de autoridades de peso, como o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra; o ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Westphalen Etchegoyen; o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes; o ministro da Saúde, Ricardo Barros; o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori; a secretária de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e Trabalho, Maria Helena Sartori, e o secretário de Saúde do RS, João Gabardo dos Reis.
É assim, com a adesão de todos, que a FPMPV atuará. De forma coordenada, e articulada com as comissões temáticas do Congresso Nacional, pela prevenção à violência e a promoção da cultura da paz. Esperamos ser um canal aberto à participação de todas as entidades civis, cidadãos e partidos políticos, que queiram colaborar para transformar nossa sociedade em uma nação mais segura e feliz.
* Yeda Crusius é economista e deputada federal pelo PSDB/RS em seu quarto mandato. Já ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e Governadora do RS.