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Mulheres impõem autoridade no trânsito em Teresina

As 29 mulheres que atuam como agentes de trânsito nas ruas de Teresina (PI) ainda brigam para serem vistas como autoridades. Muitos dos motoristas infratores se recusam a ser notificados por elas. A realidade é a mesma para as seis mulheres que trabalham como fiscais dos transportes públicos.

Essas profissionais da Strans (Superintendente Municipal de Transporte e Trânsito) vão em campo diariamente com coragem e muito equilíbrio emocional. Para elas, é importante mostrar que a função também pode ser exercida por mulheres sem qualquer dificuldade.

O trabalho das mulheres é acompanhado de perto pelo prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), que elogia a ação.

A rotina de trabalho das agentes de trânsito e das fiscais de transporte começa todos os dias às 6h da manhã e termina somente às 23h. Nas ruas, elas orientam os condutores para melhorar a circulação de veículos, ajudam a empurrar os carros que quebram no meio da via e ainda dão apoio no socorro às vítimas de acidentes.

Osmangleide Rodrigues Granjeiro trabalha como agente de trânsito há 17 anos e muitas vezes teve dissabores na realização do trabalho pela falta de educação e do desrespeito de alguns condutores do sexo masculino.

“Já fui agredida com xingamentos por condutor que não aceitava que eu realizasse meu trabalho. Recordo de uma vez que eu fiscalizava área de radar móvel e o motorista ao perceber que eu havia registrado a multa, retornou só para me ofender. Confesso que me senti mal”, recorda a agente Granjeiro, informando que nesse tipo de comportamento do infrator a multa também é por desacato ao servidor público.

Mas a agente, que também é educadora física e fisioterapeuta, tem histórias de incentivo pela dedicação ao trabalho. “Minhas três filhas têm muito orgulho de mim e do meu trabalho de agente. A que ainda é criança uma vez na escola disse que eu era de parar o trânsito e a professora comentou comigo que ela explicou o trabalho que eu fazia”, relata satisfeita.

Atuando como agente de trânsito há seis anos, Alyne Martins diz que o trabalho é delicado. “Trabalhamos com operação e fiscalização de trânsito e precisamos ter autocontrole para enfrentar esses problemas de desrespeito à autoridade de trânsito”, avalia.

Ela considera que as pessoas, de maneira geral, não conseguem respeitar a agente de trânsito mulher e acreditam que podem burlar a lei “na conversa”. “Muita gente acha que não temos autonomia para realizar a função que, tradicionalmente, sempre foi exercida por homens. Mas estamos sempre mostrando que nossas operações têm como base o Código de Trânsito Brasileiro (CTB)”.

A agente de trânsito Myrna Brito, que trabalha há cinco anos na Strans, revela que também já enfrentou problemas pelo fato de ser mulher. ”O assédio dos homens é um deles. Tentam nos intimidar e nos desconcentrar ‘dando uma cantada’, ‘fazendo uma graça’, mas sempre conseguimos resolver da melhor maneira possível”, diz.

No caso da fiscalização dos transportes públicos, o preconceito vem dos motoristas. O trabalho das fiscais tem o objetivo de coibir o transporte clandestino e irregular, além de garantir um bom serviço para os usuários do sistema. Maria da Cruz Teixeira Lira, há 29 anos na função, conta qual é a realidade. “Muitos motoristas de ônibus não aceitam receber a notificação das mãos de uma mulher, mas precisamos fazer o nosso trabalho. Por isso agimos com a força da autoridade da fiscal”.
Cruizinha, como é conhecida entre os colegas de trabalho, revela ainda que, em algumas situações mais delicadas, a fiscalização é realizada com a presença do policial militar. “Mesmo assim, muitas vezes, ainda recebemos todo tipo de ameaça. Então é importante que a gente tenha força para enfrentar todo tipo de situação”, observa.

A agente Valterina Cardoso, que está atuando atualmente na Central de Monitoramento, diz que é necessário ter muita tranquilidade para realizar um bom serviço. “Nosso trabalho é muito árduo e requer muito equilíbrio emocional para saber lidar com diversas situações que ocorrem no nosso dia a dia. Ainda existe uma cultura machista, por isso muitas vezes somos ameaçadas”, conta.

*Com informações do Portal da Prefeitura de Teresina.