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“A gente sofre, mas com afago, vence”, por Tereza Nelma

Aos 50 anos, em 2011, descobri o primeiro câncer. Era um tumor no reto. Fiz um tratamento duríssimo com radioterapia e quimioterapia por 60 dias. A gente sofre um bocado, você não acredita, mas se recupera. No ano seguinte, descobri outro câncer, desta vez no pâncreas. Foi um grande impacto. É como se fosse uma sentença de morte fosse dada. Fiz uma grande cirurgia e me recuperei. Não foi fácil.

Em um exame de rotina, em 2015, a médica viu: estava lá plantado um tumor na mama esquerda que precisava ser retirado, pois era muito agressivo. Eu tive um surto muito grande. Não acreditei. Tive uma reação terrível, fiquei de cinco a seis dias sem falar. Não era depressão, era luto. Tinha perdido uma parte importante de mim. Tinha de fazer uma reconstrução de ser mulher, o que é não é fácil.

Fiquei careca, tentei usar peruca, mas com o calor de Maceió não dá. Apelei para o lenço e para o turbante, mas o tempo quente também não ajuda. Resolvi assumir a careca.

Foi a partir daí que criei a Associação das Pessoas com Câncer, a Casa Rosa, em 2016, quando entrei em campanha para vereadora e ninguém esperava. Eu disse: ‘Preciso me sentir viva’. Fiz palestras e comecei com a van da mamografia em que passava por vários bairros de Maceió.

Com a van, 2.855 mulheres foram examinadas. Contratei ginecologista, mastologista e citologista para examinar a todas, depois o encaminhamento é feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O mais importante é o afago, o carinho e o apoio da família e dos amigos. Também é preciso manter a fé. Ela que me segura. Acredito, confio e agradeço a Deus todos os dias.

A gente dá a volta por cima e tem muita coisa para fazer na vida. Se eu tenho prazo de validade como me disseram? Não acredito. Ainda vou fazer muita coisa. Mas uma coisa nisso tudo eu observei, infelizmente, as mulheres não se amam e não se tocam.

Só uso cor de rosa para mostrar que, mesmo na política, a mulher não perde sua feminilidade, nem deve deixar de ser vaidosa. Tem mulheres que ainda pensam assim: se eu não tiver a cabeça de homem, não ganho eleição.

Estou estudando e me preparando cada vez mais. É o modo que encontrei de viver e de estar valorizando as relações humanas.

*Tereza Nelma é vereadora pelo PSDB em Maceió (AL).