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“Temos de trabalhar para evitar retrocessos”, afirma Yeda Crusius

Primeira presidente do PSDB-Mulher (1999-2001), e única mulher a governar o Rio Grande do Sul, a deputada federal Yeda Crusius (PSDB-RS) é incansável na defesa da ampliação de espaços femininos. Segundo ela, o desafio atual é “evitar retrocessos” em meio à crise política que atinge o país.

“Temos de trabalhar para evitar retrocessos. Há uma tendência aberta em direção ao retrocesso”, alertou Yeda Crusius. “A gente avançou muito, em conquistas de espaços, funções e cargos. O primeiro embate foi vencido. Mas há uma tendência [negativa] não só no Brasil, mas no mundo”, acrescentou.

Economista, professora universitária, a também ex-ministra do Planejamento Yeda Crusius – que ocupa atualmente uma cadeira na Câmara -, já foi deputada federal em outras ocasiões e, como primeira mulher a governar o Rio Grande do Sul, elegeu como foco o equilíbrio econômico: tanto é que conseguiu zerar o déficit do estado.

Porém, para a deputada federal, os desafios das mulheres na política devem ter mais de um foco. Segundo ela, é preciso observar a realidade como um todo. “É necessário partir para o infinito, o Estado é autoritário e violento. É preciso trocar a cultura da violência pela a da paz”, destacou.

Prioridades

Yeda Crusius reconhece que a diferença salarial entre homens e mulheres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em média de 23,6%, já viveu momentos piores. “A diferença de salários entre homens e mulheres já chegou a 50%. Mas é preciso ir além, a gente tem de eliminar de uma vez por todas essa distinção”, disse ela.

Há pesquisas que apontam que as diferenças de salários se acentuam à medida que os cargos das mulheres são mais elevados. “Não pode haver essa discriminação. Mas tudo depende da organização das mulheres. É preciso ter isso em mente”, afirmou a deputada federal.

No passado, na década de 1990, quando criado o PSDB-Mulher, o desafio também foi organizar o segmento como um todo. “A bancada feminina era pequena, mas muito unida. Pensamos em questões relacionadas à violência doméstica e também em termos universais e organizamos o estatuto”, contou a tucana.

Yeda Crusius lembra que a participação de Ruth Cardoso, ex-primeira-dama e presidente do Comunidade Solidária, foi essencial. Segundo ela, Ruth Cardoso ressaltou a importância de se criar um segmento específico formado por mulheres com um olhar feminino sobre as questões em geral.

“Se o mundo mudou, mudou por iniciativas por essa”, disse a tucana, utilizando as palavras de Ruth Cardoso. “Não importam as dificuldades vividas e enfrentadas, nós, mulheres, identificamos as políticas públicas e trabalhamos por elas”, afirmou Yeda Crusius, detalhando que as mulheres ocupam espaços nos programas de TV e no Fundo Partidário. “Sem o nosso esforço tudo isso não seria possível.”