A maternidade nem sempre é motivo de comemoração para mulheres brasileiras, principalmente se elas estão inseridas no mercado de trabalho. Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que, dois anos depois da licença-maternidade, metade das trabalhadoras são demitidas. O levantamento mostra ainda que as mulheres perdem o emprego geralmente quatro meses após o fim do benefício.
A FGV afirma também que a probabilidade de demissão, já no segundo mês depois do retorno ao trabalho, é de 10%. A pesquisa foi feita com 247 mil mulheres, entre 25 e 35 anos.
A vereadora de Tangará da Serra, município do estado de Mato Grosso, Sandra Mara Burali Garcia (PSDB), considera esta realidade uma espécie de punição para aquelas que optam pela maternidade.
“Infelizmente muitos empregadores ainda enxergam as mães como um obstáculo para o bom rendimento das empresas. O que é muito injusto. É um pré-conceito, pois a mulher é punida mesmo antes de provar que é capaz de ser boa funcionária e boa mãe. Tudo é uma questão de planejamento dessa mãe”, disse.
A tucana lamentou a realidade da mãe brasileira que, segundo ela, não pode contar com o Estado para poder trabalhar com dignidade e tranquilidade.
“Ser mãe é um privilégio, uma graça e não deveria ser motivo de punição e demissão. É preciso verificar a eficiência da mulher independente da maternidade. Muitas vezes acontece o oposto: a mulher se torna mais produtiva e passa a valorizar mais o seu emprego por ter um filho e ser responsável pelo sustento dele”, afirmou.
A vereadora sugeriu que o governo investisse em benefícios para os empresários que valorizassem as mães em suas empresas. “Se os empregadores tivessem um benefício, uma redução nos impostos, uma contrapartida para permanecer com as mães empregadas, acredito que teríamos sucesso neste quesito. Infelizmente, neste momento, é preciso lançar mão destes artifícios para obrigar as empresas a valorizarem as mulheres”, afirmou.
Sandra lamentou a falta de divulgação de dados que mostrem o tamanho da violação dos direitos das mulheres. “Precisamos divulgar esses dados o mais amplamente possível. Se todas soubessem o tamanho deste preconceito nós ganharíamos mais militantes. É preciso força e mobilização de nós mulheres para pressionar o poder público e não aceitar passivamente demissões simplesmente pelo fato de gerarmos outras vidas”, concluiu.