São Paulo (SP) – Vereadoras do PSDB de todo o Brasil, a grande maioria em seu primeiro mandato, se reuniram nesta sexta-feira (14), na capital paulista, para participar do seminário “Legislativo Municipal: Atribuições e Reflexões para Vereadoras”, promovido pelo PSDB Mulher em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV) e a fundação alemã Konrad Adenauer. No encontro, as tucanas trocaram experiências, debateram a representatividade feminina na política e aprenderam a colocar em prática ferramentas para um mandato mais participativo e transparente.
“O PSDB Mulher cumpre o seu papel quando reúne mulheres e discute o seu país. Quando reúne vereadoras, porque é lá que o país está, que os brasileiros estão: nos municípios”, explicou a presidente nacional do segmento, Solange Jurema.
A tucana ressaltou a importância da participação feminina na política pelo seu olhar diferenciado a causas que, muitas vezes, passam despercebidas.
“Hoje temos muita ausência de políticas sociais, a ausência do olhar feminino faz com que não tenhamos creches, por exemplo, o que é fundamental se quisermos ter um desenvolvimento real nesse país. O ensino infantil e a escola em tempo integral têm que passar a ser uma grande bandeira. E essa é uma política de gênero, porque as prioridades nem sempre coincidem”, disse.
Solange também destacou a ética e a responsabilidade como qualidades fundamentais para um gestor, visto que a falta de compromisso de alguns e os escândalos de corrupção que têm abalado o país afetam profundamente a vida dos brasileiros. “Nós mulheres, que estamos na ponta, podemos e temos a obrigação de tentar reverter essa visão de política que não é pensada como um bem comum, mas como um balcão de negócios”, avaliou.
Debates
Foi este o tema do primeiro painel, “Ética, Responsabilidade e o papel da Vereadora”, ministrado pela socióloga e fundadora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Jordão. O objetivo da discussão foi mostrar às parlamentares tucanas que existem novas formas de atuação política, além da importância de se conhecer o regimento das câmaras municipais.
A segunda mesa teve como tema “Estratégias de Argumentação e Excelência na Liderança Política”. Uma delas é o engajamento nas redes sociais, como explicou a especialista em Marketing e Mídias Sociais, Camila Braga. Já a consultora política Gil Castilho consolidou em sua apresentação o que todas já sabiam: a participação da mulher na política ainda é mínima. Segundo ela, de todos os candidatos registrados nas eleições legislativas de 2014, pouco mais de 30% eram mulheres, quase o mínimo exigido por Lei. A importância da presença feminina nas câmaras municipais também foi lembrada por ela, já que “o Poder Legislativo municipal é onde começa de fato a relação com a população”.
No último painel, foram debatidas “Ferramentas para um Mandato mais Participativo e Transparente”, com palestras do cientista político e presidente da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, Humberto Dantas, e da vereadora por Piracicaba (SP) e presidente estadual do PSDB Mulher, Nancy Ferruzzi Thame. Os dois lembraram que a democracia tem que ser praticada no cotidiano, já que a mudança do papel do Estado depende de uma mudança na própria cultura política.
“Cultura política quem pode mudar é quem está na base. E quem está na base somos nós, mulheres”, reiterou Nancy Thame.
Mulheres não estão sozinhas
Deputada federal e presidente de honra do PSDB Mulher, Yeda Crusius (RS) classificou como fundamental a rede de interação e integração que as mulheres devem criar na vida pública para o exercício de um bom mandato. “A gente na política nunca está sozinha, principalmente as vereadoras, que está ali nas ruas, junto com a população”, afirmou.
Em seu quarto mandato de deputada, tendo sido ainda governadora do Rio Grande do Sul, a tucana relembrou os seus anos de atuação política, dizendo às vereadoras: “o meu mandato só vai fazer sentido nas suas realizações se eu comunicá-las. O mandato de vocês só fará sentido se comunicarem aos eleitores, fazendo jus ao voto que receberam”.
A vereadora Cristina Lopes Afonso (PSDB-GO) destacou o encontro promovido pelo PSDB Mulher como uma iniciativa fundamental para o relacionamento e troca de experiências entre tucanas no exercício de seus mandatos.
“Entrei na política porque pensei ‘a política está muito ruim. O que eu posso fazer?’ De lá para cá, foram muitas decepções, mas também muitas conquistas. A verdade é que a realidade está mudando. As pessoas estão começando a se interessar. Nós mulheres temos condição e capacidade para nos posicionarmos e transformarmos. Se os homens fazem a guerra, as mulheres fazem a revolução”, completou a tucana.