Segundo dados da delegacia de polícia de Dourados, pelo menos 10% de todos os casos de violência contra a mulher registrados no município foram nas aldeias da região, como revela reportagem publicada pelo Portal G1.
A subsecretária da SPPM, Luciana Azambuja, explicou que a iniciativa teve início com Nilza Meirelles, presidente do Conselho Feminino da Aldeia Jaguapiru, a maior do estado, que lhe apresentou a demanda e buscou apoio junto ao governo para reduzir os abusos dentro da comunidade indígena. Após reuniões com lideranças locais, as próprias mulheres da aldeia elaboraram o tema da campanha e o texto em guarani que foi utilizado no material impresso pelo Governo do Estado.
“Foi um trabalho inédito de sensibilização de homens e mulheres da aldeia Jaguapiru. A maior parte das agressões vem dos próprios indígenas e as pessoas de fora tendem a achar que a violência é cultural. Fomos procuradas pelas próprias mulheres que disseram que não, isso não é cultural e não faz parte do dia-a-dia deles”, afirmou.
No projeto, a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres trabalha em conjunto com a Polícia Civil e Polícia Militar, com o Conselho Feminino da Capitania da Aldeia Jaguapiru, com a Subsecretaria de Políticas Públicas para População Indígena do Estado de Mato Grosso do Sul e Prefeitura Municipal de Dourados. A força-tarefa conseguiu que seja realizado atendimento mensal na aldeia, ouvindo os relatos das vítimas, das testemunhas e adotando as providências necessárias para a proteção das mulheres e punição dos agressores, visando a garantia de direitos e cidadania das índias da aldeia.
“O capitão pediu que nós empoderássemos as mulheres da aldeia dando conhecimento sobre seus direitos. A Polícia Civil vai levar equipe com escrivão, investigadores e assessores e vai fazer depoimento das vítimas, oitiva de testemunhas, oitiva de réus, cumprir mandatos de prisão, se for o caso, sempre com autorização do capitão. Sem autorização dele, a gente nem entra na aldeia”, explicou.
Luciana ressaltou que o fato de ser indígena e estar na aldeia não tira o direito de cidadã dessas mulheres. “É preciso que as mulheres percebam a violência que sofrem por meio do acesso à informação. Elas têm direito à uma vida sem violência, a bens e serviços públicos, à saúde de qualidade, à educação e a uma moradia digna. As mulheres da aldeia devem ser ouvidas e respeitadas como qualquer cidadã”, concluiu.