O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, marcou, para a próxima semana, uma reunião com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, e prefeitos mineiros de municípios atingidos pela febre amarela com o objetivo de definir medidas que possam contribuir para o combate à doença e prevenir novos surtos no futuro. Até o momento, 32 mortes foram confirmadas em Minas e outras 51 estão sendo investigadas. Em todo o Estado, 391 casos de febre amarela já foram notificados.
Na segunda-feira, o senador já havia tratado com o presidente da República, Michel Temer, sobre a questão em reunião no Palácio do Planalto. Nesta terça-feira (24/01), o senador recebeu em Belo Horizonte o prefeito de Ladainha, Walid Nedir Oliveira, município mineiro em que há mais casos de morte devido à febre amarela.
Para o senador, é imprescindível que não faltem vacinas para evitar contaminação de mais pessoas, sobretudo nas áreas rurais mais atingidas.Aécio Neves alerta que é importante que desde já se previna contaminações futuras.
Abaixo, a entrevista do senador sobre febre amarela:
O sr. esteve ontem com o presidente Temer e hoje com o prefeito de Ladainha?
Estive ontem com o presidente Michel Temer alertando para a gravidade do surto de febre amarela que já tomou conta de uma região inteira de Minas Gerais e já chega a outros estados, e além das vacinas que estão sendo ofertadas pelo governo federal é preciso algumas outras ações, investimentos específicos nessa região, notadamente na área de saneamento, medidas preventivas. O presidente, naquele momento, fez contato com o ministro Ricardo Barros, com quem eu conversei hoje, para que essas ações possam ter concretude, possam ser viabilizadas rapidamente. O prefeito de Ladainha, a cidade que teve, proporcionalmente, o maior número de casos, inclusive de óbitos, já (se prevê) cerca de 20, um número estratosférico, esteve aqui hoje, marquei com ele terça-feira em Brasília uma reunião com o ministro e provavelmente convidarei outros prefeitos, aqueles onde o surto teve maior penetração, para que além da oferta de vacinas, que não pode faltar – porque nessas regiões a vacinação tem que ser em massa, não é o caso de regiões mais distantes mas, naquela região, sim -, mas o governo federal pode ir além, repito, com medidas preventivas que possam reduzir esse surto, exterminá-lo, mas para que no futuro possa prevenir que outros não venham a ocorrer. Então na semana que vem, na terça-feira, eu estarei em reunião com o ministro da saúde e com alguns prefeitos dessas cidades mais atingidas.
A logística está funcionando para essa vacina efetivamente chegar? Está faltando a logística ser melhorada?
Eu acho que surpreendeu a todos, a grande verdade é essa – seria muito cômodo eu fazer aqui críticas ao papel do governo do Estado nessa questão, mas não faço. Eu acho que está havendo um esforço coletivo. Existem falhas, sim, existe uma reclamação em relação à demora, em alguns postos e algumas regiões, da chegada das vacinas, mas a informação que eu tenho, do ministro Ricardo Barros, é que a oferta dessas vacinas não está faltando, elas estão disponíveis em número suficiente para fazer a vacinação necessária em todas essas regiões. Eu acho que a tendência, nesses próximos dias, é essa logística se normalizar e, enfim, os problemas serem superados, mas eu quero ir além. Nós não podemos deixar apenas na vacinação a ação, pelo menos do governo federal, nessa questão, e o presidente da República se incumbiu pessoalmente de também externar isso ao ministro da Saúde.
O senhor poderia especificar essas medidas de saneamento?
Nessas regiões, que nós já percebemos que são vulneráveis, regiões muito próximas a matas, onde há população também de mamíferos, enfim, de macacos que foram atingidos, é preciso que haja uma ação que vincule Ibama, que vincule o Ministério da Saúde, em parceria com as prefeituras, para inibir que, no futuro, outros surtos desses possam ocorrer. O que nós percebemos é que algo que nós achávamos que já tinha sido extinto há anos voltou, o que não impede que isso possa voltar lá adiante. Eu não sou especialista na matéria, mas eu acho que o Ministério da Saúde não deve – disse isso ao ministro Ricardo Barros – se ater, se limitar única e exclusivamente em empacotar e transportar para Minas Gerais as vacinas. É preciso que o Ministério esteja lá, discutindo com as comunidades, com os agentes de saúde locais, medidas que possam inibir no futuro o retorno de um surto dessa magnitude, dessa gravidade.