O famoso palhaço Tiririca, hoje deputado federal, conquistou milhões de votos em São Paulo com um deboche: “vote em Tiririca, pior do que está não fica”. Já no segundo mandato, Tiririca não disse a que veio mas o Congresso piorou, como se pode ver.
O que ninguém desconfiava, e só está tomando conhecimento agora, é que uma empresa privada, a Odebrecht, parece ter comandado a política brasileira, pelo menos nos bastidores da corrupção, na era petista.
Tanto Lula quanto Dilma, como tem mostrado a operação Lava Jato, pelo que se sabe até agora, governaram em comum acordo empresarial com várias empreiteiras mas a Odebrecht era o braço principal. Na base da propina fez o que quis, inclusive no Congresso e dos corredores aos gabinetes mais estrelados do executivo. Incluindo-se aí até as obras feitas no Exterior.
Só isso já é de estarrecer. Mas não é tudo. Nos bastidores, ao mesmo tempo que comprava consciências e votos à custa de ajuda nas campanhas ou mesmo promovendo enriquecimento ilícito de alguns políticos – há vários exemplos mas o mais notório, além de Lula, é o de Sérgio Cabral – a empreiteira deitava e rolava na desmoralização da classe política.
Como se dava isso? Através do deboche, também usado por Tiririca. Com o propósito de controlar os repasses, a empresa cuidou da desmoralização dos seus “amigos” de mentirinha, colocando apelidos que – pasme-se – explorava até defeitos físicos.
Coisa nunca vista. Era o que faltava para jogar a classe política no chão e, a essa altura, pela desmoralização e achincalhe, por em risco até a própria democracia. Além do seu famoso Departamento de Propinas – coisa também estarrecedora – a empresa, que poderia ter usado as iniciais dos políticos ou outros agentes públicos a quem se propunha a ajudar, partiu mesmo para a linguagem chula.
Imagine-se o que devem ter se divertido os corruptores escolhendo, um a um, os nomes chulos que seriam usados em sua contabilidade paralela e agora expostos na imprensa em todos os matizes ?
Está certo que políticos, sobretudo do PT, que patrocinou toda essa derrocada e desmoralização do poder público brasileiro, contribuíram, junto com o setor privado, para o que aconteceu, mas o deboche passou de todos os limites. Chegou às raias da irresponsabilidade.
Pergunta-se: não havia aí o interesse de desmoralizar mesmo ? E se for o caso, poderia a empresa com uma simples delação fugir da responsabilidade de tudo que patrocinou e reduzir a quase nada os seus anos de cadeia?
À espera de um pronunciamento da justiça mas que há bruxas no ar, não há dúvida que sim. Inclusive a suspeita e, dizem, a já comprovação da própria Odebrecht, de que funcionários seus, nessa coisa de contabilidade paralela, ficaram com recursos destinados a políticos, promovendo um enriquecimento particular, não se sabe ainda em que dimensão.
Com tantas suspeitas no ar, além do cuidado que se deve ter com listas de pessoas jogadas na mídia sem que se saiba se realmente cometeram delito – os recursos a elas destinados podem ser desviados no caminho – é necessário que se vá a fundo na investigação sobre a própria Odebrecht, o verdadeiro poder paralelo que funcionou no Brasil de forma clara – pelo que se vê agora – nos últimos 16 anos.
E que sorriu e ainda pode sorrir muito da nossa cara.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco