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“O que a vida quer é decência”, análise ITV

Brasília - O Movimento Vem Pra Rua realiza manifestações em todo o país. O ato é em apoio à Operação Lava Jato e contra a corrupção e a forma de se fazer política no Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Milhares de pessoas voltaram ontem às ruas do país. Desta vez, as multidões não protestaram contra o governo. Mobilizaram-se, sobretudo, a favor da decência e em defesa da preservação dos avanços saneadores que o Brasil vem alcançando a partir do trabalho de suas instituições, em especial as reunidas em torno da Operação Lava Jato.

Houve protestos em todas as unidades da federação, reunindo entre 75 mil e 480 mil pessoas, conforme a fonte das estimativas. Entre os alvos mais explícitos estavam os presidentes do Congresso, senador Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia. Um dos cernes da mobilização foi a defesa da Lava Jato.

O que os brasileiros continuam pedindo é que a política se reaproxime das pessoas. Que o interesse público seja o norte e não mera figura de retórica que serve para encobrir desmandos. A luta é pela ampliação da cidadania, pela restauração da ética, pelo fim da corrupção.

Nesse tempo novo, a política não se faz mais apenas nos espaços e instâncias tradicionais. A arena de discussões se ampliou e ganhou dimensões globais com a interação possibilitada pela internet e pelas redes que se interconectam e se retroalimentam. Mudou o algoritmo da política, como sintetizou Fernando Henrique Cardoso em artigo para o site Poder 360.

“Exigem-se novas formas de diálogo, em substituição às reuniões fechadas e aos tradicionais discursos onde um líder fala e a plateia escuta. Agora, munidos de ferramentas de comunicação extraordinárias todos querem falar, e mais ainda, querem ser ouvidos pelo mundo do poder. Goste-se ou não, é assim que está funcionando.”

É preciso que os governantes e os parlamentares se deem conta do que a população e a cidadania esperam deles. Saiam da letargia e girem o botão da sintonia para religar-se à sociedade. Passem longe, por exemplo, de repetir o vexame da semana passada, quando o pacote anticorrupção apoiado por 2 milhões de assinaturas foi estropiado na Câmara.

Chegou-se a tal nível de desfaçatez nos últimos anos que todos cobram agora uma radicalização moralizadora. E, como todo extremo, às vezes ela carrega exageros inaceitáveis. Ocorre que, no clima atual, não basta a honestidade; é preciso mostrar-se cabalmente honesto. Qualquer iniciativa que soe contra a limpeza é rechaçada com vigor.

Nossa democracia tem demonstrado força para manter o curso dos acontecimentos no leito da preservação das liberdades, da conquista de direitos e do respeito às instituições. Assim deve continuar sendo. Só uns poucos celerados não comungam destes valores absolutos, e devem continuar sendo só isso mesmo: uma minoria irracional.

O que é preciso ficar claro é que a corrupção é hoje um dos nossos maiores males, mas não é o pior. O Brasil só conseguirá sair do atoleiro em que foi jogado pelas gestões do PT se, sobretudo, conseguir reanimar a economia, voltar a produzir e gerar empregos. E isso se consegue não só com mais decência, mas especialmente com a eficiência da boa gestão e a serenidade da boa política.

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