Semanas após pedir o retorno de seu embaixador depois da conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o governo da Bolívia voltou atrás e decidiu enviar de volta ao Brasil o embaixador boliviano José Kinn, que reassumiu suas funções em Brasília na semana passada. Em resposta, o Itamaraty decidiu enviar de volta à Bolívia o embaixador brasileiro Raymundo Magno.
O armistício foi possível graças à mudança de postura do presidente Evo Morales, que mesmo sendo aliado histórico do PT, não tem interesse no distanciamento entre os dois países, como revela reportagem publicada pelo jornal Estado de S. Paulo. Morales havia convocado seu embaixador de volta ao país vizinho por considerar “golpe” o impeachment de Dilma, mas agora mudou de postura. O embaixador brasileiro embarca de volta à Bolívia nesta segunda-feira (10).
O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP) comemora a boa vontade do país em reatar as relações e acredita que esse é o primeiro passo para que a Bolívia respeite a decisão brasileira pelo impeachment de Dilma Rousseff.
“O que não pode acontecer é que simplesmente por uma questão ideológica, aqueles que hoje têm essa determinação legal de conduzir a política externa da Bolívia possam contestar aquilo que foi uma realidade, uma decisão que o Brasil tomou de maneira soberana para poder tirar do poder a ex-presidente da República.”
Macris destacou ainda que Brasil e Bolívia possuem uma parceria econômica estratégica, especialmente por causa do fornecimento de gás boliviano para os brasileiros. Para o tucano, o afastamento entre os países prejudicaria as relações comerciais da Bolívia.
“Quem tem mais a perder com essa falsa polêmica ideológica que o presidente Morales tentou conduzir com o Brasil é o povo boliviano, até porque o Brasil tem relações comerciais com a Bolívia e quer continuar mantendo isso. Eu tenho a impressão que ao longo do processo o presidente Evo Morales vai percebendo que o Brasil agiu de maneira correta.”