Opinião

“O eleitor amadureceu, e os candidatos?”, por Nathalia Tupan

Nathalia Tupan Carvalho retangularAs eleições de outubro, que vão renovar as prefeituras e as câmaras municipais, estão quase aí e até agora são dois os fatos que se sobressaem: de um lado, o marasmo, para não dizer o completo desinteresse, do eleitor. E de outro, a reprise do comportamento da grande maioria dos candidatos que parece não ter captado as lições do impeachment na Presidência da República, a cassação de mandatos de senadores e deputados por conta e influência da Operação Lava Jato.

Ora, se os atuais candidatos prestassem atenção à sua volta, veriam que o eleitor brasileiro errou, sofreu, pagou por seus erros, mas amadureceu. Informado e desconfiado, não é mais o telespectador distraído que se deixava levar pela aparência, pelas belíssimas imagens de TV, músicas emocionantes e depoimentos “pessoais” de fazer chorar o coração mais bruto. Agora, quer ver sinceridade no lugar de enganação, realidade ao invés de projetos mirabolantes e respeito pelas dificuldades que enfrenta no dia-a-dia quando precisa do poder público.

O que, certamente, está afastando o povo dessas eleições é que apenas em casos raros se vê candidatos com compromissos efetivos para com a solução real dos problemas dos seus municípios.

Na maior parte dos casos falta conexão ou, pior ainda, se vê candidatos apresentando, na maior cara de pau, soluções para problemas que já estão resolvidos, como se o morador da cidade fosse um completo alienado ou acabasse de chegar de Marte.

Lembro aqui um exemplo da minha cidade, Maringá, para mostrar até onde vai a ignorância sobre o que é importante fazer no próximo mandato. Não sei se de propósito ou não, mas tem candidato prometendo criar Secretaria de Controladoria, um órgão que já existe há anos no município.

Esse tipo de promessa demonstra a imensa falta de respeito para com o eleitor que quer ser ouvido, pois são eles que sofrem diretamente a influência da gestão e que sabem quais são suas reais necessidades, e os candidatos precisam responder a estas indagações.

A nova legislação eleitoral restringiu os financiamentos de campanha e as peças milionárias para o horário eleitoral gratuito. O que está sendo muito bom: a limitação obriga o candidato a sair para o embate, para o corpo-a-corpo com o eleitor e, para os mais desavisados, até visitar bairros e locais nunca dantes visitados. Por isso mesmo, também coloca para o candidato o desafio de conhecer, com profundidade, os problemas da cidade, e debater com quem vive o problema o melhor caminho para resolve-los.
Para isso as redes sociais têm fundamental importância, já que disponibilizam um ambiente onde todos têm acesso para fazer perguntas e resolver dúvidas diretamente com seus candidatos. O que se espera é, no mínimo, um retorno imediato das campanhas eleitorais. Desprezar um canal direto de comunicação como as redes sociais é sinal de descaso e, pior, de falta de inteligência.

É justamente aí que o candidato precisa estar à altura do amadurecimento do eleitor, ter respostas efetivas para a cobrança de projetos adequados ao seu bairro, sua rua, sua própria casa. Ao contrário de antigamente, quando qualquer eleição revestia a cidade de panfletos, faixas, músicas, santinhos, bonecos e lembrancinhas, hoje nada muda na paisagem urbana. Trocou-se a parafernália pelo conteúdo. O visual pelo real. E matou-se, definitivamente, o vendedor de ilusões eleitorais.

O candidato que insistir em permanecer no jogo antigo, vai desaparecer, tragado justamente… pela parafernália. Que maus ventos o levem. O eleitor não tem mais tempo e nem paciência para aturar o blá, blá, blá. Porque está preocupado em construir uma cidade melhor para ele, seus filhos e netos. E isso exige dedicação, sinceridade, competência, honestidade e clareza de quem pretende comandar as prefeituras e atuar nas câmaras municipais.

*Nathalia Tupan Carvalho é publicitária, estudante do 5º ano de direito. Militante do PSDB, membro da Frente das Jovens Tucanas do Brasil, Secretária de Comunicação da JPSDB – PR.