Esse percentual chega a 42% entre os homens, que também acreditam que a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for vítima de violência sexual, como revela reportagem publicada nesta quarta-feira (21) pelo jornal Folha de S. Paulo.
A advogada e 1ª Secretária do Secretariado Nacional do PSDB Mulher, Eliana Piola afirma que o resultado é consequência da concepção machista e de dominação, predominante na sociedade brasileira. “Isso demonstra que nós temos internalizada uma cultura machista, de dominação. É o pai que é agressivo e diz que se o rapaz apanhar na escola, vai apanhar em casa também, criando então o homem de uma forma diferenciada, como se ele fosse um ser superior. E é assim que se constrói.”
Para a presidente do PSDB Mulher Pernambuco, Terezinha Nunes, tratam-se de dados “estarrecedores” que reforçam o quanto a cultura do machismo ainda está arraigada na sociedade.
“Apesar dos vários avanços, é estarrecedor constatar a cada dia o quanto o machismo ainda está arraigado na população brasileira. É triste ver que uma parcela dos brasileiros culpa a mulher pelos estupros. Algo inimaginável. As mulheres vão precisar se unir e contar com o apoio dos homens sérios e responsáveis. Sozinhas, dificilmente vencerão essas barreiras”, avalia a tucana.
A pesquisa também revela que o medo do estupro atinge 85% das mulheres brasileiras, sendo ainda maior no Nordeste do país, onde 90% temem ser vítima de violência sexual. Apesar dos dados preocupantes, a maioria da população acredita que a educação pode mudar esse cenário. Questionados se é necessário ensinar na escola os meninos a não estuprar, 91% dos entrevistados responderam que sim.
Para a coordenadora de integração de políticas para as mulheres no Pará, Trindade Tavares, isso indica que vale apostar nas instituições de ensino como instrumentos de combate à cultura machista e do estupro.
“Lá está o futuro marido, namorado e, provavelmente, o futuro agressor, se nós não tivermos a capacidade de desconstruir essa cultura machista dentro desse escopo, de crianças e jovens. É um desafio que ainda temos que vencer, obviamente consequência da cultura machista.”
Das 3.652 pessoas ouvidas pela pesquisa, metade também discorda que a Polícia Militar esteja bem preparada para atender mulheres vítimas de violência sexual. A visão dos entrevistados é também crítica em relação às delegacias: 42% disseram não encontrar acolhimento adequado às vítimas nesses locais.
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* Com informações do PSDB-PE