Nesta terça-feira (20), mais de mil mulheres foram ao Comitê Central para apoiar a candidatura de Rose Modesto, da Coligação Juntos Por Campo Grande (PSDB-PR-PDT-PSB-PRB-PSL-SD), e entregar uma carta de propostas para o público feminino. O documento foi redigido por representantes dos sete partidos da coligação e aliados.
Na carta, as mulheres pedem que Rose assuma compromissos com o fortalecimento das políticas públicas para mulheres, a educação para igualdade e cidadania, igualdade no trabalho, autonomia econômica, segurança cidadã, entre outros. “A mulher é a mais afetada pela falta de políticas públicas”, disse a candidata.
Lideranças políticas das bancadas estadual e federal, e candidatas a vereadoras dos partidos da coligação e aliados, como o PMDB Mulher, também estiveram presentes para demonstrar apoio à Rose, que poderá ser a primeira prefeita eleita de Campo Grande.
REPRESENTATIVIDADE
Apesar de serem maioria do eleitorado, as mulheres ainda são minoria na política. A realidade foi confirmada nas falas das deputadas federal Tereza Cristina (PSB) e estadual Mara Caseiro (PSDB). “Precisamos aumentar o número de mulheres na política, somos 51% do eleitorado”, disse a parlamentar tucana. “É muito pouco, só temos 10% de mulheres na política”, completou Tereza Cristina.
Conforme a subsecretária de Políticas para Mulheres do Governo do Mato Grosso do Sul, Luciana Azambuja Roca, a candidatura de Rose representa a ocupação de um espaço de poder. “Estamos juntas para eleger a primeira prefeita de Campo Grande. Nós precisamos de mulheres no Legislativo e Executivo porque são elas que vão atender e garantir leis para o público feminino. Além de Rose ser mulher, ela conquistou experiência que a credencia a fazer esse trabalho com respeito”, disse.
A primeira-dama Fátima Azambuja vê a candidata como uma pessoa preparada. “A política precisa ter também o lado da sensibilidade, presente em Rose. E quando assumiu o Governo do Estado, conheci o outro lado dela, o da mulher forte e batalhadora, de tomar decisões difíceis. Com ela, teremos uma Campo Grande mais humana e justa”.
DADOS ALARMANTES
A importância de uma mulher ocupar um espaço de poder, além da representatividade, é o olhar diferenciado para a construção de políticas públicas sob uma perspectiva de igualdade de gênero, já que ainda hoje as mulheres estão em uma situação de desvantagem quando comparadas aos homens, por conta de uma sociedade machista.
Por exemplo, apesar de desempenharem a mesma função que os homens, as mulheres ganham menos. Em Mato Grosso do Sul, o rendimento médio do trabalho das mulheres corresponde a R$ 1.444,37; já o dos homens, R$ 2.071,19. Aqui, elas também têm o menor salário do Centro-Oeste, conforme a última atualização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, do primeiro trimestre de 2016.
Além disto, outro problema que atinge a mulher é a violência praticada por homens. Somente entre fevereiro de 2015 e junho de 2016, a Casa da Mulher Brasileira, que oferece atendimento humanizado a vítimas de violência doméstica – a primeira unidade foi instalada em Campo Grande em 2015 – registrou 84.050 atendimentos a 16.466 mulheres. No período foram decretadas 1.318 prisões, expedidas 3.368 medidas protetivas e lavrados 11.180 boletins de ocorrência.
Dentro da violência de gênero, um dado alarmante é em relação ao estupro. Em Mato Grosso do Sul, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, o Estado registrou 1.345 notificações de vítimas de estupro, o que o fez ocupar a segunda posição em um ranking nacional.
Ainda, nesta quarta (21), pesquisa do instituto Datafolha divulgou que um em cada três brasileiros acredita que, nos casos de estupro, a culpa é da mulher. O levantamento ouviu, entre os dias 1º e 5 de agosto, 3.625 pessoas de 217 cidades brasileiras. E 85% das mulheres do País temem ser vítimas de violência sexual.