Durante seus oito anos de governo, Lula sempre se considerou uma espécie de fundador da nação, como se a história do Brasil tivesse começado em 1º de janeiro de 2003, dia de sua posse na presidência da República. Foram anos martelando que “nunca antes neste país”… Agora ele pode, enfim, invocar a si uma paternidade inconteste: a de ter criado um sistema de governo inteiramente baseado na corrupção e sustentado em propina. Nunca antes neste país, se roubou tanto quanto com Luiz Inácio Lula da Silva.
O Ministério Público Federal apresentou ontem, em Curitiba, denúncia fartamente detalhada sobre a participação do ex-presidente como agente central do esquema criminoso com o qual o PT comandou o país desde 2003. Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crime que também teria sido cometido pela ex-primeira dama Marisa Letícia. Outros seis também foram denunciados.
Nas evidências apresentadas ontem, Lula e sua mulher foram beneficiários de mimos doados pela Construtora OAS que somam R$ 3,7 milhões em valores correntes. Tem gente que acha pouco. Basta lembrar que, no mensalão, as cifras envolvidas não giravam muito acima deste montante. Viu-se depois que eram tão somente a ponta, minúscula, do iceberg do petrolão.
Difícil que houvesse alguém que ainda duvidasse do papel central de Lula no esquema de assalto ao Estado estruturado pelo PT ao longo da última década. Para estes, que talvez tivessem dificuldade de entendimento, o procurador da República Delton Dallagnol não se fez de rogado: desenhou como funcionava o que batizou de propinocracia.
Esta espécie de novo sistema de governança guarda semelhança com a descoberta feita por Nicolau Copérnico no século 14, quando mostrou que a Terra girava era ao redor do sol e não o contrário, dando origem ao que passou a ser reconhecido como Sistema Solar. Agora temos, no mundo da política, o Sistema Lular, em torno do qual girava toda sorte de malfeitos, roubalheiras e corrupções. Ninharia de, pelo que se sabe até agora, R$ 6,2 bilhões…
Como defesa, os partidários de Lula prometem usar a artilharia de sempre: o ataque, traduzido em ameaça de pôr gente na rua, incitar revoltas, promover constrangimentos. Armas cada vez menos convincentes, posto que cada vez menos poderosa é a capacidade mobilizadora – o que dirá eleitoral – do moribundo petismo. Não conseguirão intimidar ninguém: o Brasil quer que a Justiça avance e prevaleça.
Alguns afirmam que o que o MP apresentou ontem como prova é pouco. Mas é bom ter presente que é apenas parte das suspeitas e acusações que pesam contra o líder-mor dos petistas. Há outros dois inquéritos sobre Lula ainda não encerrados na Lava Jato. Há a denúncia, já aceita em Brasília, segundo a qual o ex-presidente é réu por tentativa de obstrução da Justiça. E há, ainda, as investigações sobre a participação dele na organização criminosa do petrolão, a cargo da Procuradoria-Geral da República. É pouco?
Já vimos no que deu todas as vezes em que se disse no passado que as acusações contra Lula e o PT eram “armações”, “pirotecnia”, “ilusionismo”, “conspirações” ou mera “retórica”. Descobriu-se o mensalão, revelou-se o petrolão e desnudou-se a maior organização criminosa de que se tem notícia em todo o mundo, segundo as mais diversas fontes. Dificilmente a denúncia apresentada ontem em Curitiba terá destino distinto destes.
Aguarda-se agora que a denúncia oferecida pelo Ministério Público siga seu curso. Uma vez aceita pelo juiz Sérgio Moro, Lula será mais uma vez réu e estará sujeito a pena que pode chegar a 12 anos de prisão. Condenado, gramará um tempo na cadeia e estará inabilitado para exercer ou disputar cargo público. O fim da linha estará próximo para “o comandante máximo”. Bom para o Brasil, ótimo para os brasileiros que querem ver a nação limpa.