Investigado pela Polícia Federal por meio da Operação Lava Jato desde março de 2014, o esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos envolvendo a principal estatal do país, empreiteiras e políticos pode ter causado um prejuízo superior a R$ 40 bilhões, segundo a PF. O escândalo envolveu tradicionais nomes do PT, como o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro João Vaccari Neto e o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – apontado por Delcídio como o “chefe” do esquema de corrupção na Petrobras.
O petista é réu na operação por tentativa de obstrução à Justiça e a ex-presidente Dilma também pode ser investigada judicialmente por suspeita de envolvimento nas fraudes.
As investigações se aproximam de maneira cada vez mais intensa da ex-presidente após denúncia do empreiteiro Marcelo Odebrecht. Em delação premiada, o executivo afirmou que a petista lhe pediu, pessoalmente, a doação de R$ 12 milhões para a campanha eleitoral petista à presidência em 2014.
Na visão do deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), foi a partir dos resultados da Lava Jato que os brasileiros começaram a perceber com mais clareza o mal que a gestão petista estava fazendo ao país.
“A ideia de se apropriar do espaço público, de aparelhar o Estado em nome de um projeto partidário, ficou exposta aos olhos da população através da Operação Lava Jato e de suas congêneres, e isso fez cair a máscara do PT e a população se indignou com o nível de corrupção antes nunca visto. A corrupção adquiriu um caráter sistêmico, institucionalizado, jogando seus tentáculos por toda a máquina pública federal, não só na Petrobras”, ressaltou o parlamentar.
Para o deputado mineiro, o escândalo de corrupção é um dos principais ingredientes que compõem o atual quadro enfrentado pela Petrobras, marcado por uma enorme dívida de quase R$ 400 bilhões, pela desconfiança do mercado externo e pela falta de capacidade para realizar investimentos em áreas estratégicas para o setor energético, como o pré-sal.
“Combinada com a má gestão, um plano de investimentos megalomaníaco e os erros na política de regulação dos preços dos derivados de petróleo, a corrupção teve um papel central no endividamento irresponsável para sustentar um plano de investimento megalomaníaco, fora da realidade e que era minado pela corrupção”, criticou Pestana.
“Essa marca o PT levará para o resto da vida e o sintoma da reação da população já se verifica nessas eleições municipais, onde o PT deve encolher bastante em termos de expressão eleitoral”, completou o tucano.
Futuros investigados
A corrupção na Petrobras atingiu em cheio a estatal, historicamente uma das principais do país em termos de competitividade no cenário internacional. Com as sucessivas fraudes, a Petrobras perdeu ativos, credibilidade e se atolou em dívidas. A imagem externa também se deteriorou, comprometendo receitas fundamentais para a economia do país.
Com o envolvimento direto de membros do governo Lula e Dilma nas fraudes, o escândalo ganhou contornos ainda mais graves. Para Marcus Pestana, o futuro das investigações ainda será motivo de muitos problemas para o PT.
“As delações mais importantes e completas, de maior extensão, ainda estão por vir. Isso revelará o nível absurdo de corrupção a que chegamos, e eu creio que nós ainda nos encontramos em uma etapa inicial. Já se tem a arquitetura do escândalo, mas não se tem a extensão completa, os números, e isso envolveu as estatais, os ministérios, os fundos de pensão”, argumentou o parlamentar.
“Foi um esquema que contaminou toda a dimensão pública e a consequência, eu acho, diz o ditado popular: ‘quem semeia vento, colhe tempestade’. O ciclo de poder do PT chegou ao fim e eu acho que eles ficarão distantes por muitos e muitos anos”, concluiu.