Citada 11 vezes em acordos de delações premiadas, a presidente afastada Dilma Rousseff, caso perca o mandato, poderá ser a próxima investigada pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba (PR). Se deixar a Presidência, Dilma perderá o foro privilegiado e o juiz Sérgio Moro poderá assumir o comando das investigações julgando a petista na primeira instância.
Quatro delatores mencionaram o nome da presidente afastada em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF): Alberto Yousseff, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Delcídio Amaral. De acordo com as delações, Dilma sabia que parte dos recursos para as suas campanhas eleitorais tinham origem no esquema de corrupção do envolvendo a Petrobras, como revela reportagem de O Globo desta segunda-feira (29).
O deputado federal Elizeu Dionizio (PSDB-MS) acredita que Dilma ficará frente à frente não só do juiz Sérgio Moro, mas da Justiça. “Ela está percorrendo todas as esferas da Justiça brasileira que não privilegia nenhum dos seus brasileiros. Todo cidadão deste país está sujeito à Lei. E que esse recado fique não só para Dilma, mas para o PT e todos aqueles políticos que acham que por conta de um cargo, por conta de uma função podem cometer crimes e saírem ilesos”, disse.
O tucano ressalta que a petista deve ser penalizada não só na esfera política, mas também no campo criminal. “O desenrolar desse julgamento fortalece a nossa nação, fortalece a nossa democracia, mostra ao mundo que aqui nós temos um povo ordeiro e trabalhador. O grande legado do impeachment da Dilma não é mostrar um partido contra outro, um projeto contra outro, é mostrar que nenhum cidadão brasileiro está acima da Lei. Ela deve pagar pelos crimes que cometeu”, concluiu.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) responsável pela Lava-Jato, Teori Zavascki, já autorizou a investigação de Dilma e Lula por obstrução à Justiça. Neste caso, a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil na tentativa de conceder-lhe foro privilegiado e blindá-lo das investigações da Lava Jato e a nomeação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o objetivo conceder liberdade a empresários presos na Lava-Jato estão sendo investigadas.