Começa hoje o último capítulo do processo de impeachment de Dilma Rousseff, iniciado quase nove meses atrás. Com o desfecho previsto para daqui a uma semana, o afastamento definitivo dela do cargo, também chegará ao fim a experiência da passagem do PT pelo comando do país, uma história para ser aprendida e nunca mais repetida.
O julgamento da petista caminha para sua conclusão dentro das mais estritas regras democráticas. Dilma teve todas as oportunidades para pronunciar-se sobre as acusações, durante longo processo legal, com amplo direito de defesa. Não precisa, pois, preocupar-se em ir ao Senado na próxima segunda-feira para “defender a democracia”, como disse ontem.
Como se fosse pouco a chancela do Supremo Tribunal Federal a todo o rito do processo, é a própria presidente afastada que, em sua lógica algo tortuosa, admite a lisura do julgamento. Ontem, naquela que deve ter sido sua derradeira aparição pública antes da perda do cargo, disse que “não tem que fugir para o Uruguai”, ou seja, não tem que repetir o percurso de João Goulart, este sim vítima de um golpe 50 anos atrás.
Dilma perderá o mandato e tornar-se-á proscrita da vida política do país pelos próximos oito anos – quiçá, em razão do ruinoso conjunto de sua obra, jamais volte a assumir nenhum cargo público – por ter cometido vários crimes de responsabilidade previstos na lei 1.079/50 e ferido várias leis, desde a maior delas, a Constituição, até a orçamentária e a de Responsabilidade Fiscal.
As sessões que deverão se desenrolar de hoje, com o depoimento de testemunhas de acusação e de defesa, até o próximo dia 31, com a votação final, deixarão claro, de uma vez por todas, que Dilma usou os bancos públicos para financiar gastos do Tesouro e determinou despesas ao arrepio das metas fiscais. A regra é clara: há razões jurídicas de sobra para a perda de mandato.
Dilma prepara-se para ser a segunda presidente da República do Brasil afastada do cargo por prática de crime de responsabilidade num período de 24 anos. Deixa de legado a maior crise econômica da história republicana e 11,6 milhões de desempregados (numa taxa que beira 21% nas camadas mais pobres da população).
O Brasil está diante da chance de ter um recomeço depois do tsunami petista. Foram anos em que a corrupção deu as cartas, o interesse público foi ludibriado e o dinheiro que deveria servir a população transformou-se em combustível de uma tão poderosa quanto desonesta máquina eleitoral.