Ítalo Damasceno
Já está em funcionamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB), da Universidade de Brasília, o Ambulatório de Gênero, que visa dar total suporte às pessoas transgêneras no âmbito médico-psicológico. Por enquanto está funcionando com o contingente principalmente da psicologia, mas já está se preparando para incluir as áreas da medicina relacionadas ao tema, como ginecologia, urologia, endócrino, psiquiatra, entre outros.
Esse tipo de ambulatório já funciona em alguns poucos hospitais universitários ao longo do país, mas o ideal é que haja em todos. A sua definição é de um laboratório multidisciplinar (ou transdisciplinar) que dê atendimento a homens e mulheres que enfrentam questões gêneros (como transgeneridade), com acompanhamento médico, psicológico e social.
Para que o ambulatório de Brasília seja instalado com tudo o que é necessário, ele conta com o apoio da Defensoria Pública da União para garantir que o direito das pessoas trans seja integralmente respeitado. No HUB já há um ambulatório de sexualidade da psiquiatria, mas as questões de gênero não se resumem apenas a esse campo. Além disso, esse tipo de ambulatório serve como espaço de pesquisa e produção de conhecimento dentro das universidades, até mesmo para áreas que não sejam apenas da saúde, como sociologia, antropologia, ou direito.
Infelizmente, com ou sem ambulatório, muitas pessoas buscam transacionar independente de ter acompanhamento médico (leia-se tomar hormônio por conta própria), o que pode provocar danos imensos a sua própria saúde a longo prazo.
A falta de preparo de muitos profissionais da medicina e enfermagem, das mais variadas áreas, ao atender pacientes transgêneros provoca uma forte desconfiança justamente desses que mais precisam. A própria visão patologizada da transgeneridade não ajuda na aproximação dos profissionais e dos transgêneros, ficando a psicologia, muitas vezes, intermediando esses conflitos.
Em junho deste ano, ocorreu a audiência pública com o tema “Saúde Integral LGBT: O acesso ao processo transexualizador na rede pública de saúde do Distrito Federal”. Nesse encontro, foi discutida a necessidade de estruturação de serviços de saúde para atendimento a demandas específicas da população trans, o que é previsto em portaria específica do Ministério da Saúde para o SUS, de nº 2.803/13, mas até hoje inexistente na rede pública do DF.
Esteve presente a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), atual gestora dos hospitais universitários; defensores públicos da União; e representantes dos movimentos sociais; além de profissionais do HUB, como o psicólogo Alexandre Augusto Martins Lima, um dos lutadores para a criação do ambulatório.
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