A falta de emprego está disseminada em todas as regiões, em todas as camadas sociais e faixas etárias. No país que, sob os governos do PT, se tornou recordista mundial de desemprego, o principal alvo de qualquer boa política econômica precisa ser gerar novas oportunidades de trabalho. Numa situação assim, conceder mais benefícios e reajustes salariais a quem já está empregado é seguir na contramão.
Em 20 das 27 unidades da federação, a taxa medida pelo IBGE nunca esteve tão alta. Todos os setores encolheram, com especial destaque para a indústria, que em um ano eliminou 1,4 milhão de vagas de trabalho. Não tem refresco para ninguém.
Na média, o desemprego fechou o segundo trimestre do ano em 11,3%, divulgou o IBGE na semana passada. A pior situação é a do Nordeste, região mais castigada pela recessão. O número de nordestinos fora do mercado de trabalho já totaliza 19,6 milhões, quase 44% do total de pessoas na região em idade para trabalhar, segundo o Valor Econômico.
Em todo o país, somam 11,6 milhões os brasileiros sem emprego hoje. Entre os jovens, a taxa chega a 24%. O desemprego ainda deve aumentar pelo menos um ponto percentual nos próximos quatro meses, o que significa mais 1 milhão de pessoas na rua da amargura. A curva só deve parar de subir no segundo semestre do ano que vem.
O exército dos desempregados não é o único. Há também os subempregados (trabalhadores que ganham menos que o salário mínimo) e os subocupados (que, mesmo querendo, trabalham menos que a jornada de 40 horas).
Eles se somam aos trabalhadores informais, que já são mais de 10 milhões de brasileiros e devem crescer ainda mais, segundo mostrou O Estado de S. Paulo em sua edição de segunda-feira. São pessoas que, embora estejam trabalhando, não têm nenhum benefício trabalhista.
Outro aspecto pouco comentado do mercado de trabalho brasileiro é sua baixa remuneração. Mesmo nos anos de bonança econômica, a maior parte das vagas geradas pagava salários de até dois salários mínimos. Só piorou: hoje 10,3 milhões de pessoas ganham abaixo da metade do mínimo.
Para completar o retrato desestimulante, há também o chamado desemprego por desalento, pessoas que simplesmente desistiram de buscar uma vaga de trabalho. Ele fica evidente, por exemplo, na redução do número de trabalhadores ativos, fenômeno que já acontece no Nordeste, com queda de 0,4% no trimestre.
A situação dramática do mercado de trabalho brasileiro reforça a necessidade de austeridade no ajuste econômico como forma de abrir caminho para a retomada do crescimento. Não se justifica a concessão de aumentos salariais a categorias profissionais fartamente protegidas no momento em que, a cada dia, 3 mil pessoas perdem seu emprego no país. Estes e não aqueles devem ser a prioridade nacional.