Uma análise do desemprego e piora do mercado de trabalho constatou que a crise recai com mais intensidade sobre as camadas da população com menor escolaridade. O número de desempregados subiu entre os que recebem menos de um salário mínimo. No primeiro trimestre deste ano, quase 27 milhões de pessoas informaram receber como renda de trabalho até R$ 600 reais por mês. Os dados se mostraram mais fortes durante a segunda gestão do governo da presidente afastada Dilma Rousseff. O deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) avalia a situação como prova de que o PT fez pouco pela população mais pobre.
“O PT não tinha o interesse, não teve interesse ao longo desses 13 anos, de emancipar a população mais pobre. De permitir que essas pessoas se qualificassem, integrassem ao mercado de trabalho com uma escolaridade eficiente, com capacidade de melhorar a proatividade de nossas empresas. O PT preferiu perpetuar um processo, eu diria do século passado, que era um coronelismo eletrônico. Que era o cartão da Bolsa-família. E que, ao invés de ser uma política pública, como deve ser, de rede de proteção social, passou a ser um condicionante político”, afirmou.
A taxa de desemprego entre os mais pobres e com nível de escolaridade mais baixo, segundo o IBGE, é de 20,4%, enquanto que o mesmo índice para quem tem nível superior é de 5,9%. Para Rogério Marinho, o Brasil vive um retrocesso econômico e social.
“Quando as empresas sentem o aperto, a primeira providência tomada no sentido de estancar a ‘sangria’ econômica é demitindo na base da pirâmide. Isso pega justamente as pessoas mais fragilizadas. A forma como se trabalhou a economia do país nos últimos anos foi irresponsável, porque gerou uma falsa expectativa de pujança econômica quando o governo, na verdade, estava brincando com a poupança interna, com a economia como um todo”, declarou o tucano.
Especialista em políticas sociais da Universidade de São Paulo, o professor Rodolfo Hoffmann é responsável pela pesquisa e usou dados do IBGE para estudar o impacto da falta de empregos no Brasil. Hoffmann captou apenas os movimentos da renda vindas do mercado de trabalho. Recursos provenientes de aposentadoria, pensões e benefícios não foram incluídos na pesquisa.