Opinião

‘Pelo fim da “cultura do estupro”’, por Eliana Piola

Foto: Corbis Images

Eliana Piola de brancoA Nação passou o feriado de Corpus Christi indignada, revoltada e enojada com a revelação de um estupro coletivo de 33 homens contra uma menina de 16 anos.

Uma barbárie que merece toda a repulsa da sociedade brasileira, das entidades de classe nacionais, de organismos governamentais e internacionais, enfim, de todas as mulheres e homens de bem que ainda acreditam numa palavra que conceitua o que é chamado de “civilização”.

Não há o que fazer a curto prazo a não ser procurar dar todo o apoio a ela e a sua família e exigir da policia do Rio de Janeiro a prisão e da Justiça a condenação imediata e exemplar desses homens que transgrediram todas as regras básicas de civilidade, de convivência.

Por vezes imagino como podem se reunir trinta homens, ditos seres humanos, e nenhum deles sequer esboçar um gesto em defesa da menor drogada, seviciada, violentada e estuprada sem qualquer arrependimento!

Nos faz perder, mesmo que por alguns segundos, a esperança nos valores e na base daquilo que chamamos de “civilização”, tamanha é a descrença que essa barbárie provoca em nossos sentimentos e convicções de respeito ao próximo.

O ódio nos leva a querer reviver, por centésimos de segundos, a atrasada “lei de talião”, na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, no popular “olho por olho, dente por dente”  bíblico e revisto nos ensinamentos de Jesus.

Não, não queremos isso e nem aceitamos essa política vingativa e desumana.

Cremos e defendemos o avanço de todo o processo civilizatório.

O que precisamos fazer é mudar essa absurda “cultura do estupro” que permite aos homens brasileiros imaginar que sejam supostos “donos” do corpo, do desejo e da vontade das mulheres.

Como mães, irmãs, companheiras, amigas, devemos todas nós levar a todos eles a consciência de que não podem, em nenhum de seus atos, sequer supor que definem os rumos e os comportamentos de filhas, irmãs, companheiras, amigas e ex-companheiras.

Não! Absolutamente não!

Os homens não têm o direito de imaginar isso, de supor isso e muito menos de agir como se “donos” fossem das mulheres que com eles convivem, qualquer que seja a razão.

Daí a importância de movimentos de conscientização como o “ElesPorElas”, da ONU-Mulheres (Organizações das Nações Unidas), pela igualdade de gênero.

Nossa solidariedade  à menor violentada, à sua família e a todas mulheres que passaram por essa hedionda violência do estupro, como uma outra adolescente ,vítima de um grupo de cinco homens em Bom Jesus, no Piauí, no mesmo dia.

Todas e todos contra a cultura do estupro no Brasil!

*Eliana Piola é presidente do PSDB Mulher de Divinópolis-MG e 1ª Secretária do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB