Mara Gabrilli não para de se desafiar. Após recuperar os movimentos parciais dos braços, a deputada federal realizou um feito inédito nesta sexta-feira (1º/4), competindo no UB 515 Brasil Ultra Triathlon. A competição, que termina no domingo (3) é realizada entre as cidades de Ubatuba, Paraty e Rio de Janeiro.
Acompanhada do triatleta e ultramaratonista Tubarão, Mara superou a tensão e o nervosismo para concluir os dez mil metros de natação em quase cinco horas. Ela revela que, antes da prova, chegou a chorar de nervoso. “Chegamos à praia às 4h30 da manhã, estava chovendo muito, com raios e trovões. Foi uma emoção muito grande, eram 6h e tínhamos que largar. Já não chovia, mas o mar continuava agitado e com muitas ondas. Me lembrei de antes do acidente, quando corria maratonas e me preparava para as provas. Não sei explicar, mas vem uma força muito grande de dentro de mim, que me faz vencer os diversos desafios e concluir as provas”, contou.
Tubarão é, na verdade, Reinaldo Abunasser Bassit, vice campeão por dois anos seguidos do UB515, único triátlon da América do Sul na distância Ultraman. Inspirado por atletas que competem acompanhados por seus filhos com deficiência, Tubarão resolveu buscar um feito inédito: fazer o Ultraman acompanhado por pessoas com deficiência. O projeto foi batizado de UB3 HAPPY – ULTRAMAN 2016.
A prova no Brasil é disputada nos mesmos moldes do Mundial, no Havaí, onde no primeiro dia os atletas nadam 10km e pedalam 145km; no segundo, pedalam 276km; e no terceiro, correm duas maratonas (84km).
Quem largou com Tubarão para os 10 km da natação foi justamente Mara Gabrilli, tetraplégica há 21 anos por conta de um acidente automobilístico. Tubarão e Mara completaram os dez mil metros no mar de Ubatuba em pouco menos de cinco horas de prova.
Em seguida, a para-atleta Danielle Nobille percorrerá o percurso de bike do primeiro e do segundo dia, completando os 422km de ciclismo. No ultimo dia, dois para-atletas se revezarão nos 84 km de corrida.
Para enfrentar este desafio inédito foi necessário desenvolver equipamentos modernos e tecnológicos, que permitissem economia de energia. No caso da natação, Mara ficou apoiada em um “mini catamarã”, puxado por Tubarão. Já para o ciclismo e a corrida, foi criada uma espécie de bólido que vai acoplado à bicicleta e que será empurrado durante a corrida.
“Fiquei o tempo todo praticando uma respiração acelerada e tentando mexer as pernas, contrair os músculos. Com a ajuda da água, algumas vezes consegui movimentos que me fizeram bater a coxa na barriga. Fiquei assim durante as quase cinco horas, com a cabeça apoiada e suspensa parcialmente por uma haste sob os ombros. Virada para cima, foram cinco horas de céu, água, movimento e a sensação de Deus e eu”, completou.
Ao final da prova, Mara comemorou mais uma barreira superada. “Isso mostra que as pessoas com deficiência são capazes de muito mais. Estamos criando uma nova modalidade no Ultraman, onde atletas experientes promovem a inclusão através do esporte. Precisamos de mais Tubarões por aí para multiplicar essa ideia”, afirmou Mara.
Para saber mais sobre a Ultramaratona acesse http://www.ub515.com.br