O perfil foi mapeado pelos economistas da Fundação Getulio Vargas (FGV-Rio) Fernando de Holanda Barbosa Filho e Fernando Veloso, em artigo que abre o livro “Causas e consequências da informalidade no Brasil”, que será lançado nesta quinta-feira (31), como revela matéria publicada hoje (28) pelo jornal O Globo.
Para a desembargadora e presidente do Tucanafro da Bahia, Luislinda Valois, os dados refletem sérios resquícios da escravidão no Brasil. Ela concorda com o dado apontado pelo levantamento da FGV. “A pior educação é justamente a que é oferecida no interior brasileiro. Isso reflete diretamente na qualificação dessas mulheres que, quando conseguem emprego, é na informalidade”, lamenta.
A primeira magistrada negra do país destaca que o Brasil é “machista e branco”. Para ela, a centralização da educação de qualidade é um grave problema que deve ser tratado com mais atenção. “Portas devem ser abertas para as mulheres negras do Norte e do Nordeste e isso não se faz se trancando em gabinetes”, disse.
Luislinda ressalta que o “ideal” seria formar grupos de trabalho que saiam a campo para ver de perto a necessidade dessa parcela da sociedade. “Nós podemos reverter esse quadro e vamos fazer isso. É imprescindível fazer um grupo de trabalho com meios necessários para se deslocar até os lugares mais difíceis. Não podemos deixar essas mulheres desprotegidas das leis trabalhistas” conclui.