A pré-candidata a vereadora em Maricá-RJ, Angélica Rua, é pedagoga, com mestrado em Ciência Saúde do Ambiente, pela Universidade Plínio Leite – UNIPLI, e pós-graduação em Dificuldades de Aprendizagem: Prevenção e Reeducação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ. Uma mulher preparada e competente, com um currículo impecável em uma das áreas mais caras ao PSDB Mulher: Educação.
Qual a importância do trabalho de uma mulher numa Câmara dos Vereadores?
Angélica- Primeiramente, o de fortalecer a democracia. Pois acredito que a presença da mulher é de grande necessidade para mudarmos o cenário atual. É fato que ocupamos o nosso espaço e que hoje ultrapassamos a meta de paridade #Rumo50%, mas os desafios encontrados por nós mulheres na política e na sociedade em geral ainda são muitos. Estamos vivendo, embora em pleno século XXI, o preconceito, a exclusão e a violência contra a mulher. Assim, acredito que quanto mais mulheres na política, maior a possibilidade de lutarmos por nossos direitos.
A senhora sofreu algum tipo de preconceito por ser mulher?
Angélica – Sim. Lembro que quando era criança minha mãe foi em busca de uma vaga para mim e meu irmão em uma escola pública. E a pessoa que nos atendeu falou que ela só teria direito a uma vaga. E que neste caso seria a do meu irmão.
Sem entender perguntei por quê? E a resposta foi imediata. Ele é menino e ela é que vai sustentar a família.
Fiquei triste, mas com a mãe que eu tinha e que já ajudava meu pai em nosso sustento… ela conseguiu também a minha vaga.
Quais os projetos, ações que a senhora julga importante para melhorar a qualidade de vida das mulheres de seu município?
Por ser professora há 33 anos apenas, penso que a educação é o grande caminho. Não nessa visão “politiqueira”, mas em seu sentido amplo com bem nos ensinou Paulo Freire. Uma educação que forme, que informe. Uma educação que a mulher ao deixar seu filho na escola tenha ela também o espaço para conhecer, discutir seus direitos, saber do seu papel na sociedade. A meu ver a escola deve ser um espaço de saber para todos. Utopia, não. Entre 1996-2000, realizei um projeto em um CIEP na comunidade da Chatuba, onde as mães quando iam buscar seus filhos chegavam uns minutos antes e iam para a biblioteca. Ali elas encontravam diferentes matérias para leitura e uma pessoa que as orientava nesse processo. Era muito gratificante ver aquelas mulheres conhecendo o mundo.
Quais são os principais problemas e demandas das mulheres em seu município?
Bem, são várias as necessidades hoje, então vou colocar por tópicos:
1 – Trabalho e escolas, que observo que boa parte das mulheres em meu município, ou trabalham no comércio (de maneira “autônoma”), ou em casa de família. Isso porque elas acreditam terem maior flexibilidade para cuidar de seus filhos, uma vez que na falta de creches e escolas elas deixam seus filhos com outras pessoas. E que na ausência dessas, ela acaba tendo que se ausentarem de suas atividades profissionais. Outro ponto, é que por isso, a maioria delas aceita receber um valor menor por seu trabalho.
2- A saúde da mulher, não temos hospital público para a mulher. Quando engravidam fazem seu pré-natal nos postos de saúde, mas na hora do parto vão para outros municípios para darem a luz aos seus filhos ou quem pode um hospital particular;
3- Um espaço público onde a mulher possa ser orientada quanto aos seus direitos. Isso para mim é dignidade.
Como futura vereadora de Maricá, como você recebeu a conversa entre Lula e o prefeito Eduardo Paes?
Com muita indignação. E essa é uma pergunta recorrente nos últimos dias feita a mim.
Quanto ao prefeito do Rio de Janeiro,penso que é uma pessoa infeliz. Uma vez que ele tem a intenção de vir como governador, o mínimo que deveria demonstrar é respeito pela população dos 91 municípios que formam o Estado do Rio de Janeiro. Quando ao pedido de desculpas; não se brinca com o lar das pessoas. O que esperar de uma pessoa como essa? Acredito que o que ele demonstrou na sua fala mostra o que é, na realidade: uma pessoa infantil, irresponsável, sem caráter para representar um povo
Na fala ou não fala (como alguns dizem), vale, para mim, um dito popular: “quem cala consente”. E lembrar que Maricá tem, hoje, uma base do partido dele. Tem um prefeito, uma deputada estadual, Sra Zeidan, e um deputado federal, Sr Fabiano Horta, e que em nenhum deles se apresentou para defender a população que os elegeu. Isso mostra a verdadeira face das pessoas que integram esse partido e de como eles usam essas pessoas em prol de seus interesses escusos.
Para encerrar deixo um pensamento de Simone de Beauvoir.
“Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, política e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.”