Com o desemprego crescente e a alta nos preços dos alimentos, os eleitores do Nordeste que deram mais votos para Dilma Rousseff nas eleições de 2014 e que sempre garantiram popularidade ao ex-presidente Lula somaram-se a mais de três milhões de manifestantes em todo país. Capitais como Recife, Salvador, Fortaleza e outras cidades do interior contabilizaram forte aumento no número de manifestantes em relação a 2015, como revela reportagem publicada nesta segunda-feira (14) pelo jornal O Globo.
A região foi palco de grandes protestos contra o governo e a corrupção neste domingo (13), a exemplo do que ocorreu em mais de 120 cidades do país. A capital pernambucana registrou a presença de 120 mil pessoas, número oito vezes maior que em março do ano passado – e maior público da região Nordeste. O deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE) compareceu às manifestações e destacou a presença e o apoio dos nordestinos às ações da oposição a favor do país.
“As faixas eram muitas em relação a Lula, Dilma e de muito apoio à oposição. Acho que foi, sem dúvida, um momento histórico e, no Recife, algo que nunca tinha sido visto. Uma mobilização tão grande, espontânea e com grande legitimidade”, afirmou.
Daniel Coelho ressaltou que o Nordeste foi a região mais afetada pela má administração do governo do PT, por isso os protestos crescentes contra o PT e o atual governo. “Há uma decepção muito grande e no Nordeste a decepção é maior. Onde ela teve mais votos, tem mais gente mais decepcionada. As promessas que foram feitas eram de uma atenção especial para a região, os investimentos que ela prometeu para o Nordeste, nenhum deles chegou. Então a máscara caiu, a farsa acabou.”
A Polícia Militar calculou a presença de 35 mil manifestantes em Fortaleza, 25 mil em Maceió e 20 mil em Salvador. O cientista político e professor da FGV Rio, Carlos Pereira, disse ao jornal que parte da explicação para o crescimento das manifestações no Nordeste é econômica. “Essa parte do Brasil foi muito beneficiada durante o boom econômico pré-2008. Agora, com o desemprego crescente e a alta dos alimentos há um descolamento desse apoio histórico dos nordestinos aos governos federais do PT”, afirmou.