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ANA CAROLINA DIAS CÁCERES, 24 ‘Sou a exceção da exceção’, diz jornalista com microcefalia

Fotografia do Facebook de Ana Carolina Dias Cáceres
Fotografia do Facebook de Ana Carolina Dias Cáceres

Fotografia do Facebook de Ana Carolina Dias Cáceres

(…) Depoimento a
THIAGO AMÂNCIO
DE SÃO PAULO

04/02/2016  02h00

RESUMO Ana Carolina Dias Cáceres, 24, nasceu com microcefalia. Em 2015, concluiu a faculdade de jornalismo, contrariando previsões de médicos que a atenderam na infância. Ela passou por cinco cirurgias para o desenvolvimento normal do cérebro.

Seu caso é menos grave que os relacionados ao vírus da zika. Antes indignada com a ação no STF pelo direito ao aborto para grávidas com o vírus, Ana diz ter repensado o assunto. Ela contou sua historia no livro “Selfie: Em Meu Autorretrato, a Microcefalia é Diferença e Motivação”.

Quando nasci, não tinha essa tecnologia toda. Minha mãe fez seis ultrassons, e nenhum apontou que eu tinha microcefalia ou qualquer outro tipo de problema. Ela só soube depois do parto, e mesmo assim após dois diagnósticos. No primeiro falaram que eu tinha síndrome de Down. A identificação da microcefalia partiu de um neurocirurgião, que me acompanhou por 14 anos.

Nos exames, aparece que minha cabeça tinha 27,4 cm. A microcefalia se deu por cranioestenose. O crânio era todo fechado e não teria espaço para o cérebro crescer. A minha síndrome é genética, não é por vírus ou bactérias.

O neurocirurgião tinha estudado fora e conhecia o tratamento. Ele sugeriu um procedimento cirúrgico para o desenvolvimento ser o menos problemático possível. Eu tinha nove dias de vida, e a cirurgia durou nove horas. Eu também tinha afundamento no rosto. Corrigiram. Tive duas paradas cardíacas. Fiz mais quatro cirurgias. O médico tirava parte do osso, e ele crescia novamente. Tinha que ir lá e serrar, até o cérebro se desenvolver todo.

Aos sete, o médico sugeriu uma prótese. Só que meu organismo a rejeitou. Aos nove, retirei e até hoje estou sem. Fiquei sem nada na testa, só pele e massa encefálica. Não tenho o osso, preciso ter cuidado com quedas e batidas. Tive convulsões até os meus 12 anos. Hoje, só uma gripe o tempo todo.

Nunca sofri preconceito grave. Meu pai teve preocupação em me colocar em uma escola mais acolhedora. Criança tem brincadeiras com qualquer pessoa diferente, bullying. A fisionomia é diferente, a face é assimétrica, um olho é maior que o outro. Mas nunca foi nada demais. E eu tinha que ficar mais quietinha, não podia ficar pulando.

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