Dita por ela, responsável maior, ao lado de Lula, pela revoada de crises que sacodem o Brasil, pode ser vista mais como um “escárnio,” palavra usada recentemente pela ministra do Supremo, Carmem Lúcia, perplexa com a desfaçatez que toma conta do país onde o cinismo – como ela afirmou – se transformou em algo bem mais danoso.
– Vivemos um tempo muito estranho – afirmou a presidente como habitasse outro planeta ou estivesse mesmo “no mundo da lua”, como bem definiu, em entrevista recente, o deputado federal pernambucano Jarbas Vasconcelos.
O Brasil vive um tempo estranho sim e não é de agora. Começou quando o PT assumiu o poder e a todo custo decidiu mantê-lo, mesmo que para isso rasgasse a biografia dos seus principais líderes e institucionalizasse um sistema de corrupção jamais visto em nosso país e quiçá em todo o mundo.
Como tanto Dilma quanto Lula se fazem de desentendidos quando surpreendidos nos malfeitos vai ver que a presidente acha mesmo que a estranheza só começou agora quando o vice, cansado de ser maltratado e humilhado como ministros e subalternos diretos da presidente, resolveu expor numa carta seu desabafo ou “rasgar o verbo” como estabelece a linguagem popular.
Quem sabe também a presidente considere estranho – e deve considerar porque aprendeu a mandar e não ser contestada – a decisão de juristas absolutamente incorruptíveis e de competência reconhecida e respeitada em todo o país de enviar à Câmara um pedido de impeachment que agora se encontra nas mãos dos Congressistas para ser analisado.
A estranheza da presidente sobre o impeachment, porém, está levando-a à beira do ridículo quando conduz ao Palácio juristas que podem ter conhecimento mas se encontram a anos luz dos acima citados para por em dúvida a constitucionalidade da medida.
Como se não bastasse o conhecimento público do dolo praticado por ela ao mentir abertamente aos brasileiros durante a campanha eleitoral dizendo que estava tudo bem quando, por debaixo dos panos, manobrava para fazer as famosas pedaladas fiscais, desrespeitando a lei e o Congresso, Dilma não só continuou a fazer o mesmo em 2015 quando lá e cá desrespeitou a Constituição que jurou honrar e preservar.
Em qualquer outro país do mundo que viva em regime democrático o simples fato de um presidente violar um artigo da Constituição é motivo para impeachment.
No próprio Brasil inúmeros prefeitos e até governadores já perderam o mandato por isso e até por violar leis menores. Nenhum acusou que estava sendo vítima de um golpe como tenta fazer a presidente no desespero e na falta de apoio.
Se a lei vale para o menor por que não valeria para o maior? Prefeitos são eleitos pelo voto popular tanto quanto a presidente.
O Brasil realmente anda estranho sim quando o partido da presidente está em grande parte atrás das grades e ela acha que não tem nada a ver com isso.
A estranheza de Dilma tem outro nome. O receio de ser mandada embora um anos depois de ser eleita. Mas isso faz parte do jogo democrático que está sendo jogado queiram ou queiram os poderosos de então.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher-PE