Nas duas últimas semanas a questão da mulher no Brasil e no mundo ganhou contornos inovadores e pautou a mídia.
Da triste realidade dos presídios brasileiros à formação do novo governo canadense, ao movimento #AgoraÉQueSãoElas, a situação da mulher, seus problemas e suas lutas ganham espaço maior na discussão do cotidiano dos brasileiros e brasileiras.
Estatísticas do Ministério da Justiça indicam que quase 40 mil mulheres são presidiárias, quadro revelado em minúcias no livro “Presos que menstruam”, de Nana Queiroz. O quadro é terrível e seu perfil desalentador: mais de um terço é de jovens de 18 a 24 anos, o que compromete e envergonha o futuro do Brasil. E que só faz aumentar: houve um crescimento de 567% de mulheres presas nos últimos 15 anos!
Definitivamente não podemos assistir a isso sem qualquer reação e sem uma discussão mais específica sobre essa monstruosa realidade. Nossas futuras discussões partidárias devem, necessariamente, abordar o tema e propor lutas para a criação de políticas públicas que preservem a dignidade desse segmento.
Dignidade e solidariedade dos blogueiros, colunistas e articulistas que abriram espaço em seus respectivos espaços na mídia para textos do movimento #AgoraÉQueSãoElas, um libelo da mais pura liberdade de expressão. Durante o período de solidariedade, mulheres de todos os cantos do mundo expuseram suas visões femininas, opiniões e lutas que desenvolvem em seus países.
Há que se registrar, ainda, a continuidade da discussão do #MaisMulheresNaPolítica, em terras brasileiras, da PEC 98, aprovada em dois turnos no Senado Federal, que garante um progressivo aumento da presença feminina nos parlamentos nacionais, de 10% na próxima eleição para 16% nas eleições seguintes.
O que é um avanço que não apaga a nossa medíocre presença no ranking mundial da União Interparlamentar sobre a participação das mulheres na Política: 118º lugar entre as nações.
A vitória no Senado precisa ser confirmada no plenário da Câmara dos Deputados, que acaba de aprovar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa, a uma lei absolutamente equivocada, de autoria de seu presidente, Eduardo Cunha, que dificulta o acesso ao aborto legal de mulheres estupradas e grávidas.
Um retrocesso sem precedentes!
O Brasil parece ainda viver fora de seu tempo.
Como bem resumiu o novo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, para justificar a razão da formação de seu ministério, dividido igualitariamente entre 15 mulheres e 15 homens:
“Por que é 2015!”
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB