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“Renúncia já”, por Terezinha Nunes

Terezinha NunesNa letra fria dos dicionários da língua portuguesa, renúncia é “o ato de desistir, abdicar, renunciar aos seus direitos”. Em se tratando de vontade própria, ao contrário do impeachment, a renúncia pressupõe altivez e grande força de vontade. Dificilmente alguém faz isso sem que seja pressionado a tal. É assim na história.

Sempre que alguém entrega o cargo e se afasta da vida pública é forçado a isso pelas circunstâncias. No Brasil quatro presidentes renunciaram: Deodoro da Fonseca, em 1891 temia uma guerra civil e a sublevação militar que já se desenhava. Getúlio Vargas, em 1945, sofreu pressões á direita e à esquerda e se retirou da presidência por falta de sustentação política para o regime de exceção que implantou.

Em 1961 foi a vez de Jânio Quadros que, depois de seis meses de mandato, alegou pressão de “forças ocultas”, até hoje não reveladas, para sair do poder. Acredita-se que esperava voltar com a “força do povo”. Não conseguiu. Em 1992 foi a vez de Collor que renunciou para não sofrer impeachment.

Desde que a presidente Dilma perdeu o apoio da população e, ao mesmo tempo, o Brasil mergulhava em uma profunda crise econômica, moral, política e social, nove entre dez brasileiros discutem diariamente saídas para o caos em que estamos mergulhadas e todas elas passam pela retirada da presidente do cargo.

Dilma passou a ser o sinônimo da crise porque para ganhar a eleição mentiu na televisão, vendeu gato por lebre e, depois da eleita, desfez todo o discurso de campanha. Ninguém mais acredita – a não ser certamente os 8% dos brasileiros que ainda a apoiam – que há solução se o país se mantiver sob o comando da atual presidente”.

A saída pelo impeachment ainda é uma luz no fim do túnel mas, dependendo de um Congresso cujos principais líderes também estão mergulhados em denúncias de corrupção, a cada dia fica mais longe a saída por aí.

Enquanto isso, vão crescendo as teses de renúncia da presidente. O primeiro a fazer um apelo nesse sentido foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ele mesmo duvidando que Dilma, com o temperamento que tem, possa chegar a isso.

Ultimamente coube ao ministro do STF, Marco Aurélio Mello, colocar o dedo na ferida, subtraindo o cunho político partidário. O ministro disse que seria necessária uma renuncia coletiva de Dilma, Temer, Cunha e possivelmente Renan Calheiros.

Está clara a tese de Mello. Saindo todos haveria nova eleição e o país seria pacificado pelas urnas. Se uma renuncia é difícil imagine-se quatro. De qualquer forma ficou a sugestão.

Os políticos não são imunes à pressão e só por ela tomam atitudes de renunciar aos próprios projetos pessoais. Há que se ressaltar um caso recente o do presidente do Congresso dos Estados Unidos, John Boechner que perdeu apoio dos seus pares e anunciou que deixaria o cargo, afirmando “ se tornou claro para mim que essa prolongada turbulência na liderança levaria a instituição ao dano irreparável”.

Não há dúvida de que esta poderia ser também a alegação da presidente Dilma se resolvesse fazer o mesmo. Sair para livrar o país da insolvência ou da prolongada recessão que já produziu mais de 1 milhão de desempregados.

Mas como político só responde, em geral, à pressão direta, próxima e focada em pontos específicos dificilmente isto ocorrerá se o próprio povo não for para as ruas pedir este gesto de desprendimento da presidente. O efeito será mais forte ainda se incluir todos os políticos de mandato envolvidos na Lava Jato. A pressão seria irresistível.

*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco

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