Mulheres do Terceiro Mundo e a Política Feminista Sob olhos ocidentais
Estudos feministas e discursos coloniais*
Chandra Talpade Mohanty
Qualquer discussão sobre a construção política e intelectual dos “feminismos de terceiro mundo” devem se voltar a dois projetos simultâneos: a crítica interna dos feminismos hegemônicos “ocidentais”, e a formulação de preocupações e estratégias feministas autônomas, fundamentadas geograficamente, historicamente e culturalmente. O primeiro projeto é de desconstrução e de desmantelamento; o segundo, de criação e construção. Apesar de esses dois projetos parecerem contraditórios, um agindo positivamente e o outro negativamente, a menos que ambos sejam conduzidos
simultaneamente,os feminismos de “terceiro mundo” correm o risco de marginalização e de guetização, em relação aos principais discursos (tanto de direita e quanto de esquerda) feministas ocidentais.
É ao primeiro projeto que eu me dirijo. O que desejo analisar é, especificamente, a produção da “mulher de terceiro mundo” como um sujeito singular e monolítico em alguns textos (ocidentais) recentes. A definição de colonização que pretendo invocar aqui é aquela predominantemente discursiva, aquela cujo foco é um certo modo de apropriação e de codificação de “estudos” e “conhecimento” sobre mulheres do terceiro mundo por meio de categorias analíticas utilizadas em textos específicos, que tomam como referências de interesses feministas, aqueles articulados nos Estados Unidos e na Europa ocidental. Se uma das tarefas ao formular e entender o locus dos “feminismos de terceiro mundo” é delinear o modo pelo qual ele resiste e trabalha contra o que eu estou me referindo como “discurso feminista ocidental”, uma análise da construção discursiva das “mulheres do terceiro mundo” no feminismo ocidental é um primeiro passo importante.
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