Opinião

“A incrível inversão”, por Eliane Cantanhêde

ghg_2079Nesta encrenca política tão grande e tão desafiadora, inverteu- se o jogo. Diante da crise política e econômica, com a Lava Jato chegando ao Congresso, é a elite quem toma a dianteira para apoiar o claudicante governo Dilma Rousseff, enquanto as grandes massas que vão às ruas rejeitam o PT e se aproximam da oposição, inclusive, ou principalmente, do PSDB. Se o PT borrou ainda mais as já embaçadas noções de direita e esquerda, consegue agora também fazer uma baita confusão entre o que é “elite” e o que é “massa”. Não custa lembrar que Lula, Dilma, José Dirceu e as sucessivas cúpulas petistas já são elite há bastante tempo, não é mesmo?

E, aparentemente, a elite institucional uniu-se para salvar o mandato de Dilma e parte da elite empresarial dá sinais nesse mesmo sentido. Até a novidade do “protesto a favor”, na quinta-feira, não deixa de ser um movimento de cúpulas, patrocinado pela elite dos velhos (CUT, MST e UNE) e novos (como o MTST) braços do PT. A turma foi transportada em ônibus, vestindo camisetas e carregando bandeiras vermelhas novinhas em folha. Alguém pagou por isso, talvez até por mais do que isso.
De outro lado, os “protestos-protestos” mobilizaram dez vezes mais pessoas, na grande maioria de classe média, vestindo suas próprias camisetas verdes e amarelas e carregando bandeiras do Brasil que, provavelmente, elas próprias pagaram.

Publicado no jornal “O Estado de S.Paulo”, em 23/08/2015

Acesse aqui a íntegra