A era do trabalho remoto (e sem horários)
ANA CARBAJOSA Estocolmo 2 AGO 2015 – 10:30 BRT
O rosto do pequeno e loiríssimo Tom é um poema. Seu pai, Tobias Holmqvist, está prestes a cruzar a porta de casa e sair para o trabalho. Com seus dois anos e meio, este acontecimento cotidiano corre o risco de se transformar em drama em questão de segundos. Holmqvist leva o tempo necessário e, com palavras suaves, evita a explosão. Afinal, não tem por que se apressar. Seu chefe não vai controlar se ele chega cinco minutos ou meia hora mais tarde ao trabalho. Porque o chefe de Holmqvist não lhe diz quando tem de entrar ou sair. Nem se tem de trabalhar no escritório ou se pode fazê-lo em sua casa depois de colocar as crianças para dormir. Exige simplesmente que faça bem seu trabalho e que o entregue a tempo. No momento, Holmqvist cumpre com o que a empresa de tecnologia espacial em que trabalha espera dele. Esta forma de se organizar não é uma exceção na Suécia. Aqui, sair cedo do escritório, a flexibilidade de horários e o trabalho à distância são a norma.
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São oito horas da manhã, e Holmqvist se dirige ao metrô que o levará até o escritório, do outro lado de Estocolmo. Hoje é um dia especialmente quente. No mais, é um dia qualquer na vida de um trabalhador sueco qualquer. A normalidade vivida por Holmqvist, porém, parece ser de outro planeta em muitos aspectos para o trabalhador médio espanhol, preso à cultura do presencialismo, segundo a qual quanto mais horas você passa no escritório, melhor funcionário supõe-se que você seja.
Aqui, pelo contrário, não é hábito ficar trabalhando até tarde e muito menos fazer figuração. Mais ainda, na Suécia, como em boa parte dos países europeus, ficar no escritório depois das cinco da tarde é malvisto. Longe de gerar admiração, é sintoma inequívoco de ineficiência e de falta de responsabilidade para com a família e a sociedade. Porque aqui criar cidadãos sadios é um dever cívico semelhante a pagar impostos.
“Trabalho 40 horas por semana e quando tenho muita carga de trabalho, até 50, mas meu horário é totalmente flexível. Se não tivesse essa liberdade, não trabalharia aqui”, sentencia Holmqvist, que, com 37 anos, diz não estar disposto a perder uma tarde com Tom e com Hugo —seu segundo filho, de nove semanas— por nada nesse mundo. Marie, sua mulher, é reumatologista e desfruta agora da licença-maternidade.
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