A crise econômica é grave, a politica maior ainda, o governo Dilma Rousseff não consegue responder aos desafios cotidianos, mas um movimento de combate ao câncer nos alerta para uma dura realidade que atinge aos brasileiros: a falta de tratamento adequado a essa doença.
O movimento “Todos Contra o Câncer” divulgou no começo dessa semana alguns dados que chegam a ser aterrorizantes quanto se trata da vida das pessoas: cerca de 60% dos pacientes com câncer no Brasil é diagnosticado tardiamente, em estado avançado, o que compromete todo o tratamento e reduz em muito a possibilidade de um tratamento que leve à cura.
A falta de centros especializados, a carência de especialistas (oncologistas), a demora na marcação e realização dos exames e a longa espera nas filas de atendimento foram os fatores apontados pelo movimento, que se baseou em informações prestadas por 50 instituições publicas e privadas que combatem o câncer no país.
Ou seja; ao paciente brasileiro é negado o acesso rápido, necessário e essencial para eliminar a doença ou minimizar seus efeitos.
O relatório do movimento entregue ao Ministério da Saúde revela o que todos os doentes constatam nas intermináveis filas que enfrentam: no Brasil, o tempo médio de espera entre o diagnóstico e o inicio do tratamento com quimioterapia e radioterapia demora 76,3 dias e 113,4 dias, respectivamente.
É muito tempo para quem precisa atacar rapidamente uma doença que se espalha pelo organismo a uma velocidade que nem mesmo um bom tratamento, por vezes, consegue estancar.
O governo parece ser incapaz de cumprir sua própria lei que define prazos para combater o câncer, que são de 60 dias entre o diagnóstico e começo efetivo do tratamento.
Outro dado, da auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2010, demonstra que apenas 65,9% da demanda por radioterapia foi atendida adequadamente.
Nesse trágico universo de descuido para com a saúde pública, as brasileiras enfrentam uma realidade específica que agudiza o quadro: a cada ano, 22% dos novos casos de câncer no país se referem a casos de mama, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Metade deles é diagnosticada tardiamente.
Para 2015, são esperados 57 mil novos casos!
Urge a definição de Políticas Públicas de Combate ao Câncer, com tratamento diferenciado para as mulheres, atingidas pela quase metade dos casos ocorridos anualmente no Brasil.
Respeito ao paciente, agilidade no tratamento, contratação de mais oncologistas e técnicos, mais leitos e humanização no tratamento é o mínimo que o Estado pode oferecer aos brasileiros e brasileiras que pagam regularmente seus impostos.
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB