Instituído em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas que reuniu 70 países das duas regiões, a data registra internacionalmente a luta das mulheres de todo o mundo para denunciar e reverter a situação em que se encontram.
No Brasil, a maioria da população é de mulheres e metade dela é negra, o que significa 50 milhões de pessoas, um contingente superior à população de dezenas de países.
No entanto, a mulher negra brasileira – assim como a de toda a região latino-americana e caribenha – ainda convive com todos os tipos de discriminação, preconceito e violência, como atestam os números das estatísticas.
Como se sabe, cerca de 40% dos lares brasileiros são sustentados exclusivamente por mulheres, dos quais 51% são comandados por mulheres negras que sozinhas bancam a manutenção de seu lar e de seus filhos, segundo dados do Dossiê “Mulheres negras, retrato das condições das mulheres negras do Brasil”, do IPEA em parceria com a ONU e a Secretaria de Politicas Para as Mulheres.
Ainda segundo o trabalho, 84% delas são mulheres com mais de 30 anos, sendo que 27% têm mais de 60 anos de idade. O estudo traça um perfil perverso da realidade que essas mulheres negras que batalham sozinhas enfrentam no dia a dia: 69% possuíam, em 2009, renda familiar equivalente a até um salario mínimo para se sustentar e aos seus!
Entretanto, mais do que reconhecer as dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras na América Latina e Caribe no século XXI, comprovadas em todas as pesquisas mais recentes e amplamente debatidas em busca de ações de inclusão que as eliminem de maneira efetiva, o dia 25 de julho traz consigo um resgate simbólico e poderoso.
Reverencia a mulher negra, que há 500 anos foi arrancada da África, para vir substituir nas Américas e Caribe populações indígenas inteiras dizimadas pela crueldade e ganância do homem branco.
É a esse encontro histórico, entre a mulher negra de ontem – que viu sua família ser separada dela à força, para servir em trabalho forçado aos dominadores e viver como semi-humanos – e a negra de hoje, orgulhosa de suas raízes e direitos, consciente das dificuldades que tem à frente e pronta para superar os desafios; que nos irmanamos em festa e comemoração.
Artigos, cordéis, frases, poemas e declarações de nossas lindas tucanas e colaboradoras negras e poderosas, estão em nosso site, hoje e sempre, registrando as dificuldades sim, mas celebrando a beleza e poder de ser mulher e negra no Brasil, na América Latina, no Caribe ou em qualquer lugar do mundo.
Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB