Quando trabalhava em Washington, meu escritório ficava à beira do rio Potomac. Da janela, na outra margem do rio, eu avistava o Estado da Virgínia. Se quisesse cruzar a fronteira estadual, era só atravessar a ponte.
Mas, sempre que podia, evitava ir à Virgínia. Incomodava-me o fato de que, até 1967, casamentos inter-raciais eram proibidos no Estado (e também —confesso— ter lido em algum relatório que a Virgínia era um dos piores lugares para os LGBTs nos EUA).
Imaginária ou não, em certos lugares na Virgínia, eu sentia uma tensão racial semelhante à que senti na África do Sul nos anos 90.
Quando Barack Obama foi eleito pela primeira vez, em 2008, eu tentava dimensionar a contribuição que um presidente negro traria para uma sociedade de passado segregacionista, como a americana.
A vida de Obama tinha sido bem diferente da média do negro americano. Seu pai, negro, era um economista queniano e sua mãe, branca, uma antropóloga do Kansas. Foi criado pelos avós maternos no Havaí. Viveu na Indonésia e frequentou escolas de elite, como Columbia e Harvard.
A um ano e meio do final de seu segundo mandato, acho que é possível contemplar de forma mais clara o alcance de sua contribuição. Outro dia, ouvi um comentarista dizer que o presidente negro que todos temiam tinha finalmente chegado.
Em termos domésticos, aprovou seguro de saúde universal, saiu na defesa de 5 milhões de imigrantes indocumentados e reafirmou a importância do combate ao racismo. Posicionou-se a favor do controle de armas e foi o primeiro presidente a incluir os transexuais em discurso oficial e a visitar uma prisão federal (os EUA têm a maior população carcerária do mundo em termos relativos, 0,7%).
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