Mas o que explica números tão desanimadores?
Além da barreira de acesso à educação, que há tempos impede esse público de ter uma formação básica, hoje, se uma pessoa com deficiência resolve ingressar no mercado de trabalho formal, ela perde o auxílio que recebe do Estado para viver. Por insegurança, muitas optam por viver na informalidade.
Para mudar tal realidade, a Lei Brasileira da Inclusão, projeto recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados sob minha relatoria, propõe a criação do Auxílio Inclusão, um benefício que será concedido à pessoa com deficiência que ingressar no mercado de trabalho formal. Diferente de apenas receber benefícios de subsistência do Estado, a pessoa com deficiência passará de beneficiada para contribuinte, como todo trabalhador. A Previdência, por sua vez, deixará de apenas pagar benefícios integrais para milhões de pessoas e passará a receber a contribuição desses trabalhadores. O resultado é ampliação de empregos e benefícios, alavancando a economia e reduzindo a desigualdade social.
O Auxílio ainda ajudará a pessoa a arcar com os custos da deficiência. Uma pessoa tetraplégica, por exemplo, chega a gastar em média R$ 6 mil para manter uma vida tão produtiva quanto antes. Isso levando em conta os gastos em várias fases de sua vida, como a compra de um carro adaptado, a contratação de cuidadores, medicamentos e a troca de cadeira de rodas.
Além de garantir dignidade, poder de consumo e bem-estar, o trabalho é uma das principais fontes de integração social. Para mim, a felicidade está ligada a minha capacidade de produzir. E o trabalho é um dos maiores combustíveis para me manter preenchida de sonhos e perspectivas para o País. E para seguir minha trajetória.
*Mara Gabrilli é deputada federal pelo PSDB/SP