Em palestra para a nova bancada do PSDB na Câmara, nesta sexta-feira (30/01), o economista Adriano Pires disse que o Brasil vive a maior crise de energia da sua história. Mestre em Planejamento Energético, Pires afirmou que o governo Dilma “derrubou” o setor energético brasileiro e fez o alerta: “a sociedade pagará pelas barbeiragens feitas na área de energia e de petróleo e o mais penalizado será o cidadão comum.”
Bancada do PSDB na Câmara debate com especialistas crise energética e conjuntura política
Pires expôs aos tucanos os motivos do caos que tomou conta do setor energético nacional. A edição da Medida Provisória 579, anunciada em 11 de setembro de 2012, teria sido, segundo ele, o pontapé inicial para os problemas. A falta de planejamento e a incapacidade em aproveitar a diversidade da matriz energética nacional completam a lista de lambanças da gestão petista.
A MP imposta por Dilma obrigou as empresas a renovarem as concessões desde que aceitassem a redução das tarifas de energia. Isso gerou grande incremento no consumo enquanto a geração caía, os reservatórios se esvaziavam e as térmicas eram acionadas. Esses fatores criaram um rombo bilionário, pois foi preciso comprar energia mais cara para dar conta da demanda. O resultado foi o endividamento das concessionárias. Posando de boa gestora, a presidente foi à TV e avisou aos brasileiros que estava reduzindo o preço da conta de luz – uma medida visivelmente eleitoreira.
Sem planejamento, as obras de geração e transmissão ficaram pelo meio do caminho. Como o populismo tarifário prevalecia, com taxas de retorno muito baixas, o governo atraiu para seus leilões os chamados “investidores abutres”, que ganhavam as disputas, mas não faziam as obras. Problemas com licenciamento foram outros entraves fatais.
Como se não bastasse, o governo, que tinha como presidente uma ex-ministra de Minas e Energia, não soube aproveitar outras fontes das quais o país é riquíssimo. “Se o governo não tivesse deixado o setor a reboque do calendário eleitoral, teria investido em outras fontes e hoje teríamos uma situação muito melhor”, destacou Pires.
Em resumo, o governo Dilma, de forma irresponsável, abriu mão da segurança energética em troca do populismo tarifário. O resultado começou a aparecer e a mesma presidente que anunciou a redução da tarifa lançou mão de um tarifaço. No ano passado, as tarifas cresceram 18% e neste ano subirão cerca de 40%. O país passará o ano inteiro com a oferta de energia no limite. As tarifas mais altas devem gerar ainda inadimplência e furto de energia.
“O governo está levando o problema ao consumidor, que irá pagar por tudo. Zombam da sociedade e mentem descaradamente ao não falar a gravidade dos problemas. O correto agora seria a presidente voltar à TV e pedir à sociedade para economizar energia. Isso seria o honesto.”
A gravidade do setor, avaliou o deputado eleito Fábio Souza (GO), exige respostas emergenciais, sérias e concretas. “O cenário é dramático e extremamente preocupante. Isso para não falar em calamitoso. O Brasil vive hoje a sua pior crise energética”, disse. “O ano de 2015 tem tudo para ser conhecido como o ano do apagão e do Petrolão. Se não tomarmos iniciativas urgentes, vamos viver uma crise muito pior”, completou.
O deputado Max Filho (ES), também recém-eleito, criticou a morosidade da gestão petista diante da situação alarmante. “No passado, o governo brasileiro pilotou um processo de racionamento. Hoje, o governo assiste como passageiro”, declarou. A sorte do Palácio do Planalto, destacou o tucano, é a paralisia da economia. “A situação só não é pior porque o Brasil não está crescendo”, disse.
Petrobras – Na petrolífera, a maldição teria começado após a descoberta do pré-sal. A produção, que deveria então crescer, simplesmente minguaram com o estabelecimento do modelo de partilha e o fim dos leilões. Atualmente o Brasil precisa importar petróleo e já perdeu bilhões de reais com as irregularidades que estampam as páginas dos jornais. “A Petrobras precisa ser refundada. Não dé para ficar como está. Foi criada nela a atmosfera perfeita para a corrupção e o governo se mantém imobilizado em relação a isso”, disse Pires.
O economista fez ainda um alerta aos deputados tucanos, que formam a maior bancada de oposição na Câmara. “Esse vai ser o ano do apagão e do petrolão. O partido precisa estar atento e ter posições muito firmes. A população vai sofrer muito e mais penalizado é o cidadão comum. Além de penalizá-lo, esse governo quebrou duas de nossas maiores empresas”, disse Pires.
*Da Liderança do PSDB na Câmara