Em 2014, foram criados apenas 397 mil empregos no país, segundo números do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego divulgados na sexta-feira. Foi o pior resultado desde 2002, quando a atual série estatística começou. Nem na recessão de 2008 e 2009 o mercado de trabalho do país foi tão mal.
No início do ano passado, com o irrealismo que lhe é característico, o governo petista previa a criação de 1,4 milhão de empregos no país. Não deu. A queda em relação a 2013 foi de 64%, ou seja, a geração de vagas no ano passado representou apenas um terço do resultado do ano anterior.
Só em dezembro foram fechados 555 mil postos de emprego. O mês é tradicionalmente ruim para o mercado de trabalho, mas ninguém imaginava que seria tanto. A indústria de transformação continua a ser o setor mais afetado, com 163 mil vagas a menos no ano passado – o fracasso do programa Brasil Maior, como relata hoje o Valor Econômico, não ajudou em nada.
A perspectiva geral para este ano não é boa. Com uma recessão já despontando no horizonte, não será surpresa para ninguém se o número de empregos no país encolher até dezembro. O Ministério do Trabalho já lava as mãos: “Não há como gerar muito mais empregos”, disse o ministro na sexta-feira.
Em todos os anos do governo Dilma, a geração de empregos no país caiu na comparação com o ano anterior – em 2010, chegaram a ser geradas 2,5 milhões de novas vagas e, daí para frente, foi sempre ladeira abaixo. As poucas oportunidades criadas são mal remuneradas, pagando sempre menos de dois salários mínimos.
Como se não bastasse o mau momento, direitos trabalhistas e previdenciários estão na mira da tesoura do governo do PT. Cortes no seguro-desemprego, no auxílio-doença, no abono salarial e no pagamento de pensões por morte devem gerar economia de R$ 18 bilhões, como parte do ajuste recessivo em marcha.
Mas o governo da presidente petista parece disposto a avançar ainda mais na carteira de trabalho dos brasileiros. Segundo o ministro Joaquim Levy, o modelo atual de seguro-desemprego está “completamente ultrapassado” – apenas com as mudanças atuais, 26,6% dos que receberam o benefício em 2014 já não conseguiram obtê-lo. Devem vir mais maldades por aí, preparadas pelo governo “dos trabalhadores”.