A defasagem na tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física pode chegar ao final deste ano em 75,43%. Para isso, bastam duas coisas: que não haja qualquer reajuste e que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) feche nos previstos 6,79%. A constatação é de estudo elaborado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), com base em informações da Receita Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse prejuízo para o contribuinte é real porque são grandes
Caso a opção seja pelos 4,5%, no final deste ano a defasagem (mantida a projeção para o IPCA em 6,79%) estará em 67,88%.
“Os 6,5% já não eram bons, mas bem melhores que os 4,5%. Se não houver reajuste, aí é catastrófico”, salientou Cláudio Damasceno, presidente do Sindifisco Nacional.
Com o fechamento do IPCA de 2014 em 6,41%, a defasagem da tabela do IRPF acumulada desde 1996 chega a 64,28%. Com o índice oficial de inflação e reajustes salariais que ultrapassam os 8%, muitos contribuintes passaram a descontar IRPF – ou mudam de faixa de alíquota, e com isso são mais tributados – pelo simples fato de terem melhorado seus ganhos nas datas-base.
Representa dizer que, no ano-calendário 2014, a defasagem da tabela jogava o teto de isenção para R$ 1.787,77. Se não houvesse a defasagem de 64,28%, a isenção alcançaria que recebe R$ 2.937,12 mensais.
Projeto em tramitação
Em maio de 2013, o Sindifisco apresentou uma proposta de recuperação da tabela, materilizada no Projeto de Lei 6.094/13, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Pelo PL, em dez anos o IRPF seria corrigido em 5% (percentual que serviria para repor o passivo que vem desde 1996), mais o rendimento médio do trabalhador, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Completados os dez anos, os 5% sairiam desse cálculo. O PL foi pensado de maneira a não indexar a correção a qualquer índice inflacionário.
“O que não podemos mais é calar diante do seguinte fato: a carga de impostos paga pela população é aumentada ano a ano com base no bem-estar das famílias. Quer dizer, pela redução da capacidade de consumir ou de poupar”, apontou Damasceno.
*Estudo elaborado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional)
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