Brasília(DF) – Miguel Sousa Tavares, é um escritor português que mora em nossa prateleira de favoritos. Filho da poetisa Sophia de Mello Breyner, o moço exorbita: é advogado e jornalista premiado, estreando na literatura com seu “Equador”, que chegou ao Brasil há alguns anos, editado pela Nova Fronteira, depois de vender mais de 140 mil exemplares “na terrinha”.
O romance não perdeu o frescor e merece cada exemplar vendido, lá e cá. Em um belo trabalho de pesquisa, o autor ambienta sua trama em Portugal e na colônia de São Tomé e Príncipe, em 1905, para contar a vida de Luís Bernardo Valença, jovem e despreocupado mancebo lisboeta que, desavisadamente, resolve aceitar a oferta que lhe faz El-Rei D. Carlos.
O pobre rapaz deveria ter pensado melhor antes de dizer sim, uma vez que o convite se revela um autêntico presente de grego. Melhor dizendo, de soberano: nada menos do que assumir o governo de São Tomé e Príncipe, aproveitando para erradicar daquelas plagas qualquer vestígio de escravidão, antes que os ingleses se abespinhem e imponham às ilhas um embargo comercial desastroso.
E, com isto, está traçada a linha mestra de um drama envolvente que coloca, nos últimos dias da monarquia lusitana, o nosso governador caipora de um lado, e a elite colonial de outro.
*Resenha extraída da crônica “Na Linha do Equador”, publicada originalmente em janeiro de 2005, no jornal EntreLagos