Opinião

Lúcia Vânia defende mais mulheres na política

Foto: Gerdan Wesley/LidPSDBSenado
Foto: Gerdan Wesley/LidPSDBSenado

Foto: Gerdan Wesley/LidPSDBSenado

Brasília – De posse de dados recentes, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) publicou, em artigo no jornal local “A Manhã”, um apelo pelo aumento da participação da mulher na política. Atualmente, apenas um estado brasileiro tem um mínimo de 30% do total de candidaturas para as mulheres, o que é uma garantia legal.

Para a tucana, o grande problema não é a questão dos números, mas a negativa de protagonismo na vida política que ainda é negada ao sexo feminino na história brasileira. Isto, em última análise, significa que cada mulher ainda precisa entrar em campo para valer para que sua autonomia como ser seja reconhecida.

“Ainda hoje, infelizmente, não é raro que nos deparemos com a opinião de que a existência feminina só tem verdadeiramente sentido no contexto da comunidade familiar. Aos homens cabe a plena existência pública: às mulheres, apenas os recessos da esfera privada”, escreveu.

Leia a coluna completa:

Mais mulheres na política

As pesquisas indicam que dentre as unidades da federação, Mato Grosso do Sul foi a única onde as candidaturas femininas alcançaram o patamar acima dos 30% legalmente previstos – 32,86%. Goiás, 9,02%, juntamente com Pernambuco, 7,87% e com a Bahia, 11,46%, está dentre os piores desempenhos do país.

Mas a questão não é exclusivamente numérica. Não é apenas um problema de quantidade ou de proporção: a questão é política, é de representação. Diante da discriminação, da exclusão que ainda prevalece entre nós, é imprescindível dar voz à própria mulher, que ainda precisa lutar pelo reconhecimento de seu status de autonomia.

Para além da questão da justa proporção, que se torna insignificante na medida em que homens e mulheres sejam considerados efetivamente iguais, há o problema do que se costuma chamar, importando para o português um termo originalmente cunhado em língua inglesa, de “empoderamento”. E esse “empoderamento” das mulheres é necessário naquele processo de derrubada dos muros que as separam do espaço público e da plena existência de indivíduos autônomos.

Ainda hoje, infelizmente, não é raro que nos deparemos com a opinião de que a existência feminina só tem verdadeiramente sentido no contexto da comunidade familiar. Aos homens cabe a plena existência pública: às mulheres, apenas os recessos da esfera privada.

Tomo um exemplo próximo de nós: a participação política. As mulheres brasileiras conquistaram o direito de voto em 1932 – e nisso o Brasil esteve na frente de muitos. As francesas, por exemplo, só em 1944 ganharam o direito de votar.

Hoje as mulheres compõem a maior parte do eleitorado brasileiro, mas a parte que ocupam nos cargos eletivos está longe de refletir isso.

É bem verdade que, se compararmos com a situação de há 30 ou 25 anos atrás, quando a participação feminina era quase nula, houve um avanço. Mas o ritmo desse avanço é lento, e estamos ficando para trás, nas comparações internacionais.

A Argentina, por exemplo, tem 40% de seu parlamento ocupado por mulheres. Em alguns países escandinavos essa proporção se aproxima dos 50%. Nós não chegamos nem aos 30% estabelecidos legalmente.

Tais números nos dão a 146ª posição num ranking sobre a participação das mulheres nos parlamentos em 192 países do mundo, conforme divulgado pela organização internacional União Interparlamentar, com sede em Genebra, na Suíça.

Mas, por quê mais mulheres na política? Qual a perspectiva qualitativa em possíveis gestões femininas no gerenciamento da coisa pública? É isto que discuto ligeiramente a seguir.

Pesquisas têm indicado e destacado a relevância e a importância que pode ter o fato de as mulheres ocuparem mais espaço na política.

A socióloga e vereadora Aspásia Camargo, do Rio, assinala uma questão verdadeiramente relevante, quando diz: “A gestão feminina é muito mais pós-moderna, pois combina a precisão e a racionalidade com a afetividade, no trabalho. Ela sempre concentra esses dois lados, o lado acolhedor e o lado eficiente”.

E Aspásia completa, com muita propriedade: “A falta de mulheres na política contribui para uma política social mais cara e pouco efetiva”.

Neste espaço não me é possível detalhar as pesquisas realizadas em vários países nesse aspecto. Mas posso resumir os argumentos em favor da mulher: 1) as mulheres tendem a enfatizar e a lutar mais por justiça social e menos desigualdades; 2) mais legitimidade democrática, pública e política; 3) usam mais adequadamente os recursos disponíveis; 4) tendem a exercer o poder de modo mais compartilhado; 5) dão mais ênfase às políticas sociais em geral e às políticas para mulheres e crianças em particular.

No Brasil, os benefícios derivados de um número maior de mulheres na política são reconhecidos por 7 em cada 10 brasileiros. Segundo os entrevistados, elas trariam mais honestidade na política (74%), mais compromisso com eleitores (74%), mais capacidade administrativa (74%), mais competência na política (75%) e maior autoridade no desempenho público (69%).

Bem, tudo isso suscita muita discussão, mas os dados aí estão. Vamos meditar sobre eles.

*Fonte: Site da Liderança do PSDB no Senado Federal