A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê 22 milhões de novos casos de câncer por ano nas próximas décadas e que a doença já está afetando mais de 60% das populações da Ásia, África, Américas Central e do Sul, muitos deles causados pelo fumo, álcool e bebidas açucaradas. Vítima de mim mesma, fumei até 1999 e fumante passiva fui até 2013. Sou exemplo de como nos descuidamos do trato com a saúde, menoscabando certas orientações e ignorando a exuberância de sinais e sintomas que podiam ter-me ajudado a combater o mal em tempo mais hábil; mas como sabem, as coisas acontecem com os outros, não conosco!
Como profissional de saúde e docente do ensino superior não considerei a primeira informação percebida: a dificuldade para cantar (é… eu, também, era uma cantante), no ano de 2006. Depois a rouquidão progressiva, mas instável. Em 2010, tornando-se persistente, foi-me dito que era um “distúrbio funcional” (sabem, era professora há 30 anos; agora 34 anos). Não era! A voz tíbia suplicava por atenção e, finalmente, diante da sua inaudível vocalização busquei os profissionais da área, em 2013, e descobri que algo dominava minhas cordas vocais e obstruía minha laringe, depois identificado com um tumor. Sem a voz, não mais cantar, não mais falar, mas não ceder e a luta contra buscar…
Hoje, submeto-me a tratamento de ponta, ainda pouco acessível no SUS e enfrento com resignação as sequelas do mesmo: a careca que estampo revela o cuidado que deveria ter tido; mas tem sido exemplo para algumas mulheres, iguais pacientes, que tiraram de seus escaninhos fotos de suas escondidas carecas que passaram a estampar em seus perfis de redes sociais, não mais envergonhadas. É isso: enfrentar o câncer de cabeça erguida!
*Réia Sílvia Lemos é presidente do PSDB Mulher Belém (PA)