Quando a última crise econômica abalou a economia mundial, o ex-presidente Lula afirmou que aquilo que todos imaginavam ser um tsunami (palavra da moda na época) não passava, para o Brasil, de uma “marolinha”.
Interessado em fazer da presidente Dilma sua sucessora, Lula foi além. Com uma verborragia incomum, aconselhou os brasileiros a gastar como se fôssemos uma ilha de prosperidade e protegeu a indústria automobilística com financiamentos para compra de carros a ver navios, evitando, assim, que o desemprego em massa nessa atividade o desmentisse num piscar de olhos.
O resultado todos já conhecem. As cidades brasileiras estão intransitáveis, o transporte público foi relegado a último plano e existem milhões de famílias na inadimplência, devolvendo carros aos bancos por não poderem honrar seus compromissos.
No poder, Dilma seguiu a mesma cartilha do seu criador. Retirou recursos do Fundo de Participação dos Municípios – FPM – e isentou do pagamento do IPI a indústria automobilística e a linha branca de eletrodomésticos para que os brasileiros continuassem se endividando como se estivessem num mar de rosas.
No final do ano passado, a presidente, na mesma linha de esconder do país a realidade da crise que se alastra com a inflação crescendo e os investimentos caindo – o último Natal foi um dos piores em vendas dos últimos 10 anos, segundo os comerciantes – autorizou o ministro Mantega a camuflar dados sobre a economia nacional, como denunciaram inúmeros economistas, para que as contas do ano de 2013 resultassem positivas.
Seria cômico, se não fosse trágico, como reza a sabedoria popular.
De uma coisa, porém, Dilma não está conseguindo fugir: do fantasma dos baixos índices de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que tem colecionado ao longo do seu mandato, fenômeno que já ganhou o apelido jocoso de “pibinho”.
Esta semana, por exemplo, o respeitado relatório “Panorama Econômico Mundial”, do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve ter deixado a presidente com insônia, sobretudo pelo impacto que terá neste ano eleitoral.
Apesar de afirmar que a economia mundial está se recuperando da crise acima do previsto – “a recuperação está ganhando força” afirmou o economista chefe da instituição, Olivier Blanchard – o FMI rebaixou a previsão de crescimento do Brasil feita por ele próprio em abril deste ano, quando divulgou que nossa economia deveria crescer 3,2% em 2014 e 4% em 2015.
Agora, além de ser apontado, ao lado da Rússia, como o país emergente que menos vai se desenvolver nos próximos anos, o Brasil, de acordo com os especialistas do fundo, só vai crescer 2,3% este ano e 2,8% em 2015. Já a economia mundial crescerá 3,7% este ano e 3,9% em 2015.
Se lá atrás tanto Lula quanto Dilma tivessem agido com mais responsabilidade certamente que não estaríamos enfrentando este revés.
Agora, segundo o FMI, vamos experimentar queda ainda mais acentuada no consumo interno, crédito escasso, gargalos e incerteza política, o que leva a redução dos investimentos e crescimento do desemprego. Tudo o que Dilma não desejava para 2014.
Terezinha Nunes é deputada estadual pelo PSDB de Pernambuco