O fundador, mentor, criador do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula, finalmente assumiu algumas culpas, algumas responsabilidades e admitiu o que todos os brasileiros já sabiam: o PT é um partido quem tem corrupção, que aos 33 anos de existência tem apego a cargos públicos e que “valoriza” o Parlamento.
A entrevista que ele deu ao conceituado jornal espanhol El País, no último final de semana, é revelador de como ele sabia da corrupção do seu partido, que ela fez parte do crescimento do seu partido ao longo de suas três décadas de vida na política brasileira.
Na definição dele próprio, de um partido pequeno, que cresceu e passou a ser grande, o PT apresentou os “defeitos” comuns a toda instituição e seus militantes se esqueceram dos tempos em que faziam campanha de graça, de manhã, de tarde e a noite.
Hoje, e Lula não disse isso na entrevista, o PT faz campanha com dinheiro público, processo que recrudesceu na sua gestão como presidente da República. Disse que queria um partido que agisse de “maneira diferente” dos demais, mas não conseguiu, aliás sob seu comando.
Tanto as eleições de 2002 como, principalmente, as campanhas municipais de 2004 e as presidenciais/estaduais de 2006, o PT fraudou sua vitória com dinheiro público, como demonstrou o Mensalão e seus negócios – diversos diretórios estaduais do partido admitiram terem recebido dinheiro de “caixa 2” para suas campanhas, na verdade dinheiro público desviado!
O mais surpreendente na entrevista de Lula é que, apesar de tudo, ele ainda dá uma absurda fórmula de evitar-se a corrupção no governo: “ser 150% corretos” e não cometer erros.
Fica a pergunta: se roubar de maneira “correta”, que ninguém descubra, pode?
Ora, basta apenas cumprir a lei e ser correto sempre – 100% correto! Não precisa mais do que isso, o que Lula e seus colegas e companheiros de partido e de governo esqueceram ao longos últimos 11 anos no governo federal.
A cada semana, a cada dia, pipocam denúncias de corrupção nos ministérios do governo Dilma, como ocorreram no governo Lula. Um dia é o ministérios do Esportes, no outro é do Trabalho, na semana seguinte em algum fundo previdenciário estatal controlado pela máquina de fazer dinheiro do PT.
Mesmo assim, Lula queixa-se de que nenhum país do mundo tem tantos controles dos gastos públicos como o Brasil… Agora, imaginem se esses mecanismos de controle e fiscalização não existissem!
Como suposto “democrata” Lula admite conviver com a imprensa brasileira, apesar dela não apoiá-lo e nem falar bem dele como gostaria. Ele parece ter esquecido que nesses 33 anos de vida do PT o partido sempre contou com um generoso espaço da mídia quando seus dirigentes atiravam pedras no vidro alheio. Agora, no Poder, são vidraça e não aceitam a postura crítica da mídia. Em outras palavras, autoritários e prepotentes.
Exemplo desse viés autoritário é a crítica que Lula faz a imprensa brasileira que condenou previamente – “a prisão perpétua “ – alguns dos seus companheiros de partidos flagrados no Mensalão, uma tardia defesa daqueles que o preservaram no decorrer da investigação e julgamento no Supremo Tribunal Federal.
De qualquer modo, alguma autocrítica o ex-presidente Lula fez. Não contou, ainda, tudo o que sabe desses 33 anos do PT, mas revelou aos espanhóis e ao mundo a sua postura autoritária e arrogante, bem ao feito do seu partido.