Qualquer leitura desse momento de agitação social abre-se pela falta de um posicionamento claro do governo federal. Arrisco a dizer que assistimos petistas apavorados e preocupados com o desgaste do partido, porque tudo isso coloca em cheque o petismo e pode significar um possível fracasso nas próximas eleições.
A classe média foi às ruas cobrar a transparência nos gastos, mais qualidade dos serviços públicos, efetivos investimentos nos municípios, o fortalecimento das instituições e o fim da corrupção. Milhares de brasileiros são porta-vozes de um desejo de viver melhor. Contudo, a presidente parece que não ouviu bem os protestantes, uma vez que Dilma Rousseff só dá ênfase à reforma política, transferindo ao Congresso Nacional os principais clamores.
No seu artigo desta segunda-feira (1º) no jornal Folha de S.Paulo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves fala, com propriedade, sobre a forma como o governo federal encarou esse verdadeiro levante da classe média.
A maioria dos manifestantes pertence a essa classe que atuou em outras circunstâncias importantes de transformação social e política, como aconteceu em meados de 1991, quando os “caras pintadas” ocuparam os espaços públicos, desenrolando pela primeira vez na história republicana do país o impeachment do presidente Collor.
O tempo presente de liberdade plena e de democracia revigora nossas perspectivas de um futuro mais justo aos brasileiros. Acredito que esses atos populares podem nos levar a uma onda inédita de renovação política, com muitos veteranos varridos do mapa e trazendo gente nova e diferente.
*Secretário de Estado de Governo de Minas Gerais