Aprendi desde cedo, na vida pública, a receber aplausos e vaias sempre com desconfiança. A soberba pode derrubar qualquer favorito, assim como o descontrole faz qualquer iniciante se perder quando não sabe encarar com maturidade as críticas.
Infelizmente, hoje, o nosso país vem sendo governado por pessoas desacostumadas com os falsos elogios e com as críticas. O PT e a presidente Dilma Rousseff cometem uma avalanche de erros e injustiças exatamente por soberba e inexperiência administrativa.
Bastou o crescimento dos principais nomes que despontam para o embate em 2014 – Aécio Neves e Eduardo Campos -, combinado com a sua queda de popularidade, para que Dilma Rousseff fosse a imprensa soltar comentários raivosos contra a oposição, como se sua queda fosse algo maquiavelicamente arquitetado.
Como bem lembrou Aécio Neves em seu artigo semanal no jornal Folha de S. Paulo, o PT e Dilma tentam jogar sobre a oposição o ranço criado pelo próprio PT do pessimismo generalizado.
De 2003 a 2010, quando já fui secretário do então governador Aécio Neves, assisti mensalmente ele ir a Brasília se reunir com Lula e se colocar à disposição para participar de reformas estruturantes, como a tributária; lutar pacificamente por um novo pacto federativo; colocar o governo de Minas à disposição para parcerias na área de transportes, além de, muitas vezes, elogiar o PT por ter mantido os avanços conquistados durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
No Senado Federal, Aécio Neves se manteve assim. Propôs redução de impostos federais na cesta básica e nas contas de energia elétrica; voltou a pedir uma reforma tributária ampla e irrestrita, entre outros pontos.
Dilma Rousseff nada fez. Talvez enganada pelos falsos elogios dirigidos a ela por sua frágil base aliada. Hoje, vive atolada na queda de popularidade; assiste impávida a inflação voltar ao país e fez o Brasil perder credibilidade no mercado internacional.
Se Dilma não soube deixar a soberba de lado quando recebia falsos elogios, que pelo menos agora, ao ser vaiada por 70 mil pessoas, ela tenha a serenidade para aprender com os erros.
O tempo é curto, mas não para os otimistas.
*Secretário de Estado de Governo de Minas Gerais