Artigo da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP)
Para se ter uma ideia desta triste realidade, a cada 10 minutos, 1 idoso é agredido no Brasil. Em 70% desses casos o agressor é o próprio filho. Os dados são da Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, do Rio de Janeiro.
A violência contra os idosos tem várias facetas: abandono, roubo, espancamento, humilhação, cárcere privado, violência física e psicológica são alguns exemplos das agressões cometidas. Medo, constrangimento e constantes ameaças são as principais causas que impedem a população idosa de denunciar esses delitos. As agressões ocorrem dentro de casa, de quem, teoricamente, mais se espera amor e proteção.
Como denunciar aquele a quem mais dedicamos cuidado durante uma vida? Quebrar o laço familiar é um desafio para as vítimas, que se calam diante de um muro intransponível. O idoso não consegue anular a relação parental com o agressor da família. Romper esse silêncio muitas vezes gera dor. Esse conflito interno explica porque 90% das denúncias de maus tratos são anônimas.
A expectativa de vida do brasileiro cresceu nos últimos tempos e hoje temos cidadãos conscientes e felizes aos 90 anos. Mas infelizmente, ainda falamos de uma minoria. É preciso maior cuidado do Estado com essa população. Hoje, temos diretrizes, serviços e órgãos que tem por objetivo proteger essa população, o Estatuto do Idoso, conselhos estaduais e municipais, delegacias de proteção e o Disk Denúncia (181). Mas sem a participação da sociedade e a consciência de cada um de nós, esse ideal de respeito não se constrói.
Ao final da próxima década, as pessoas maiores de 40 anos serão quase metade da população brasileira. Nossa nação vai envelhecer e precisaremos redobrar os (ainda poucos) cuidados com quem passou grande parte da vida prestando serviços e produzindo amor.